Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Inovação com ideias externas é novo modelo para governança municipal

Tendência é que cidades façam cada vez mais parcerias com empresas de tecnologia para resolver problemas

São Paulo

De forma bastante simplificada, a inovação aberta pode ser entendida como o fluxo livre de conhecimentos, ideias e informações entre participantes de determinados processos. Este termo, originário dos conceitos econômicos, descreve o fluxo de ideias de dentro e de fora de uma empresa ou de um mercado. A novidade é que, no âmbito da governança municipal, o papel das ideias externas tem sido reconhecido com a mesma importância das internas.

As cidades estão enfrentando desafios cada vez mais complexos. À medida que as taxas de urbanização crescem, as cidades enfrentam grande demanda por serviços, para uma população ainda maior e mais densamente distribuída.

Enquanto a estruturação dos serviços públicos tem sido normalmente projetada e implementada por integrantes da administração municipal, a inovação aberta permite projetar esses serviços com a ajuda de vários atores, incluindo aqueles que se beneficiam dos serviços. Isso proporciona resultados mais específicos e mais bem adaptados, muitas vezes implementados pela parceria com as partes interessadas. Dessa forma, a inovação aberta possibilita às cidades prestar serviços de maneira mais produtiva e eficiente, mesmo considerando a maior demanda e a complexidade decorrente.

Horizonte de arranha-céus de Manhattan atrás da ponte do Brooklyn, em Nova York
Horizonte de arranha-céus de Manhattan atrás da ponte do Brooklyn, em Nova York - Brendan McDermid/Reuters

Segundo o “Institute for the Future”, na próxima década, um grande número de cidades vai adotar o modelo de inovação aberta como sistema para melhorar a qualidade da vida urbana. Isso será feito a partir da criação de ecossistemas locais de inovação social e empreendedorismo, que se constituirão em estratégia de governo para o desenvolvimento urbano.

As cidades farão, cada vez mais, parcerias com empresas de tecnologia digital e especialistas em inovação social, que permitirão lidar com os problemas urbanos oriundos do crescimento. Elas devem criar suas próprias incubadoras, estimulando trocas equitativas e equilibradas entre os setores público e privado.

Nova York, Barcelona, Amsterdã e muitas outras cidades têm procurado usar esse conceito, propondo desafios para que empresários possam abordar, de forma inovadora, os problemas mais comuns ou criar novos serviços a partir de necessidades detectadas.

No entanto, mesmo as cidades que adotam a inovação aberta têm dificuldades de implementá-la de forma mais ampla. A introdução da inovação aberta exige quebra de paradigmas e novas maneiras de fazer as coisas, o que é muito difícil para os governos das cidades, que tendem a ser organizações complexas e burocráticas.

Experiências realizadas em alguns municípios mostraram que determinados componentes são fundamentais para a adoção da metodologia de inovação aberta. Em primeiro lugar, o lançamento de concursos para a criação de soluções inovadoras focadas em setores específicos e roteiros que adaptem as soluções tecnológicas para os desafios municipais estratégicos. Além disso, é essencial a criação de um centro de inovação local, com um programa aberto para a geração de soluções que objetivam o equacionamento de problemas.

Várias cidades vêm utilizando, de alguma maneira, os conceitos de inovação aberta, mas não de forma estruturada e organizada, nem com objetivos claros e específicos. Contudo, é preciso reconhecer que esta é uma ferramenta poderosa para provocar mudanças se aplicada de forma adequada.

A crescente complexidade da vida urbana nos obriga a ser criativos e procurar novas formas de resolver antigos problemas. O modelo de inovação aberta se encaixa nesse conceito. A união organizada de cidadãos em torno da criatividade e da cooperação permitirá que eles construam sua própria identidade a partir da reconstrução das comunidades onde vivem.

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