Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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É possível planejar cidades menos poluídas e mais saudáveis do ponto de vista ambiental

Estudo mostra que forma urbana pode influenciar níveis de emissão de dióxido de carbono

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A urbanização e o desenvolvimento urbano são fatores críticos no volume de emissões de dióxido de carbono (CO2). Cientistas estimam que aproximadamente 70% das emissões globais de gases de efeito estufa são gerados em cidades.

O projeto urbano pode influenciar os níveis de emissão de carbono, e o conhecimento mais detalhado dessa interação pode ajudar os planejadores a criarem cidades com baixa emissão de dióxido de carbono.

Pesquisadores do Asian Institute of Technology, liderados por Yasuyo Makido, estudaram a associação entre a forma das cidades e a emissão de carbono em 50 cidades japonesas.

Foram selecionadas as cidades com 80 mil a 450 mil habitantes, distantes o suficiente de grandes áreas metropolitanas para eliminar os efeitos de cidades-satélite. Não entraram nessa seleção as cidades conhecidas como industriais, porque elas poderiam emitir grandes quantidades de  CO2 em comparação com outros setores, e isso poderia dificultar a análise dos efeitos da forma urbana nesse processo.

Outra preocupação para não distorcer resultados foi escolher cidades com renda per capita semelhante, pois existem indícios de que renda e níveis de emissão de  CO2 podem estar correlacionados.

O estudo usou métricas específicas para representar duas dimensões básicas da forma urbana: a compacidade e a complexidade.

Para o desenvolvimento do trabalho, as métricas avaliadas foram forma e fragmentação dos assentamentos urbanos, grau de irregularidade do perímetro dos fragmentos, extensão dos assentamentos urbanos monocêntricos e densidade populacional desses núcleos.

Além da estrutura física das cidades, foram examinadas quatro variáveis que podem ter forte impacto sobre as emissões de  CO2 e o consumo de energia. A renda média per capita, o tamanho da população da cidade, a temperatura média e a área urbana média per capita (o oposto da densidade populacional).

Os resultados das análises mostram que um alto nível de regularidade das formas dos assentamentos e sua compacidade estão associados a menores emissões de  CO2, enquanto os efeitos da complexidade da forma urbana nas emissões residenciais são desprezíveis. Por outro lado, em cidades com densas centralidades monocêntricas, observou-se maiores emissões nos setores residenciais.

Para emissões de  CO2 no setor de transporte de passageiros, a análise endossa resultados de outros estudos, no sentido de que a maior regularidade na forma dos assentamentos urbanos e a maior densidade desses assentamentos levam à redução de emissões per capita.

As análises mostram, também, que a densidade populacional maior pode ser melhor para emissões de forma geral. Entretanto, a melhor organização espacial da população dentro das cidades pode afetar de maneira mais substancial os níveis de emissão de dióxido de carbono.

Especificamente no setor de transporte de passageiros, as descobertas mostram que os arranjos de assentamentos menos fragmentados, mais regulares e adensados em núcleos monocêntricos reduzem as emissões de  CO2  per capita.

Portanto, isso significa que núcleos mais densos podem conduzir a uma redução de emissão de  CO2 , se considerados conjuntamente os setores residencial e de transporte de passageiros. Contudo, em assentamentos urbanos muito densos, com formato monocêntrico, pode haver o aumento das emissões de  CO2  no setor residencial.

Obviamente, a generalização desses resultados não pode ser estendida para todas as cidades, mas o estudo traz indicadores importantes de que a forma urbana e o seu arranjo populacional podem ter influência bastante relevante nos níveis de emissão de dióxido de carbono.

O aprofundamento desses estudos pode, sem dúvida, ajudar nossos planejadores a produzirem cidades menos poluídas e mais saudáveis do ponto de vista ambiental.

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