Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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A inteligência urbana no pensamento espacial das cidades

Pessoas, espaço e interação entre eles devem ser colocados no centro do planejamento

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O grande desafio para os estudiosos das cidades nas próximas décadas é compreender como elas vão funcionar. Entender os desafios e as oportunidades que estarão disponíveis para a população, e aprender como poderemos aproveitar todo esse conhecimento para estruturar a transição para uma cidade mais sustentável e uma sociedade mais justa.

A inteligência urbana, estruturada nos modelos de Big Data e Inteligência Artificial, baseada na capacidade de as pessoas compreenderem a dinâmica das cidades pela conexão espacial de seus diferentes componentes, pode ser uma ferramenta fundamental para conseguirmos esse objetivo.

Trabalhos publicados pelo professor Stephane Roche, pesquisador em gerenciamento de dados espaciais da Universidade de Laval, no Canadá, exploram com profundidade essas questões. Segundo ele, é cada vez mais necessário que as pessoas tenham habilidades de pensamento espacial no ecossistema urbano do futuro, onde tudo estará conectado num ambiente de mobilidade e de fluxos dinâmicos.

Essas conceituações nos permitem compreender as cidades modernas como redes de espaços conectados e a inteligência urbana como a ferramenta utilizada para perceber como esses espaços são criados e como interagem entre si. Efetivamente, uma cidade baseada numa rede de espaços que as pessoas compreendam pode transformar a forma como elas se organizam e se relacionam.

Segundo o professor Roche, o exercício do pensamento espacial implica que toda informação relacionada com os espaços urbanos deve estar disponível para governos, cidadãos e empresas, para que possam organizar suas atividades. No contexto das cidades, isso requer coleta de dados, atualização, análise e capacitação para gerenciar espacialmente informações e processos.

A inteligência urbana, nesse contexto, envolve os atributos necessários para compreender as complexas relações de causa e efeito entre os locais conectados física ou digitalmente. Para isso, o desenvolvimento urbano deve ser repensado numa perspectiva espacial, colocando-se pessoas, espaços e a interação entre eles no centro dos modelos de planejamento.

Na verdade, esses conceitos não são novidade e têm sido utilizados por planejadores. Um exemplo é a acupuntura urbana defendida por Jaime Lerner, que faz analogia com a teoria da medicina chinesa, considerando a cidade como organismo vivo e tentando revitalizar grandes espaços das cidades agindo em pontos determinados e específicos.

O combustível para a inteligência urbana nas cidades é composto por dados e informações, que podem ser divididos em três categorias principais: fluxos, espaços e atividades.

Os fluxos estão relacionados a produtos, pessoas e dados. Os espaços estão relacionados com densidade populacional, temperatura, qualidade do ar, iluminação, níveis sonoros etc. As atividades das pessoas e as interações com o ambiente urbano completam os elementos fundamentais para alimentar os modelos de inteligência urbana, que são utilizados para planejar as cidades com pensamento voltado para a compreensão de seu metabolismo e estruturação espacial.

Parece muito claro, portanto, que a dimensão espacial tem papel fundamental no contexto da inteligência urbana, uma vez que os fluxos e as atividades estão associados a locais específicos e, nesse sentido, podemos identificar esse processo como ferramenta importantíssima para a estruturação das cidades como plataformas de transformação.

As mudanças que podem trazer para as cidades o conceito de plataforma de transformação significam uma verdadeira revolução no processo de planejamento e constituem-se em um instigante desafio para a utilização da inteligência urbana no pensamento espacial das cidades.

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