Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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A utilização ética das informações nas cidades inteligentes

Cidadãos precisam consentir explicitamente para que seus dados sejam usados

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Tecnologia, dados e informações, aos poucos, tornam-se imprescindíveis para o funcionamento das cidades. Modelos de racionalidade sustentados pela ciência urbana deixam as cidades mais compreensíveis e controláveis. Entretanto, é fundamental que a utilização da tecnologia e o processamento de dados e informações sejam realizados de forma responsável e pautados por princípios éticos, claros e transparentes.

Como parte da Aliança Global de Cidades Inteligentes G20, Fórum Econômico Mundial, 36 cidades, em 22 países concordaram em ser pioneiros em um novo modelo para a adoção segura de novas tecnologias. Brasília é a representante brasileira no grupo de cidades que farão parte do projeto.

Óculos sobreposto a tela simula análise de dados
Óculos sobreposto a tela simula análise de dados - zapp2photo - stock.adobe.com

O modelo é projetado para fornecer às cidades os procedimentos, as leis e as regulamentações necessárias para usar novas tecnologias com responsabilidade. A iniciativa teve origem no Japão, em 2019, no Fórum Econômico que discutiu a quarta revolução industrial.

Conclusões do Fórum neste ano apontam que as cidades precisam de dados e inovação para se tornarem mais resilientes, responsivas e eficientes. Mas destacam que não há consenso global na maneira como elas devem usar tecnologias ou os dados que coletam, de forma a proteger o interesse público.

Para alcançar esses objetivos, as cidades deverão adotar políticas para aumentar a proteção da privacidade, melhorar a banda larga, intensificar a responsabilidade pela segurança cibernética, garantir maior transparência nos dados e melhorar a acessibilidade aos serviços digitais urbanos para deficientes e idosos.

Para Léan Doody, diretora de planejamento urbano na empresa de consultoria inglesa Arup, que colabora na estruturação do modelo proposto pela Aliança Global de Cidades Inteligentes G20, o debate público é vital para legitimar o uso ético dos dados nas cidades. Embora os desafios em torno da maneira mais adequada de utilizar dados ainda estejam evoluindo, alguns conceitos principais podem ser definidos.

Investimento em novas habilidades e liderança passa a ser fundamental para uma governança digital direcionada por princípios morais, que possibilite às cidades definirem estratégias que incluam políticas de privacidade e uso ético de dados.

A privacidade deve ser tratada como prioridade em todos os serviços prestados pelo governo municipal. Devem existir mecanismos para que os cidadãos consintam explicitamente e sejam informados da forma e do destino dos dados coletados na esfera pública.

À medida que cresce o número de serviços baseados em dados coletados nas áreas urbanas, os algoritmos desempenham papel de maior importância na tomada de decisões. Desafios éticos relacionados à utilização maciça de inteligência artificial na solução de problemas representam grande impasse que as autoridades deverão enfrentar.

Tecnologia e conhecimento são, portanto, dois ativos estratégicos para construir cidades inteligentes inclusivas, capazes de enfrentar, com ética e responsabilidade, desafios novos e emergentes.

Novos modelos de compartilhamento de dados entre os setores público e privado estão se desenvolvendo – o City Operating System, em Barcelona, é um desses modelos; o Alphabet Sidewalk Civic Trust, em Toronto, é outro. As cidades precisarão avaliar cuidadosamente os riscos envolvidos no funcionamento desses modelos.

Por todas essas razões, os resultados desse projeto em desenvolvimento pela Aliança Global de Cidades Inteligentes G20 serão de extrema importância na estruturação de um novo e seguro modelo, que garanta a utilização ética e responsável da tecnologia e das informações nas cidades inteligentes.

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