Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Uma nova capital administrativa para o Egito

Governo local investe US$ 45 bilhões para criar nova cidade para 6,5 milhões de pessoas

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Cairo, a capital do Egito, é uma das maiores cidades do mundo e a maior da África. É conhecida por ser uma cidade densamente povoada, com aproximadamente 19 mil habitantes por quilômetro quadrado, mais que o dobro da densidade populacional na cidade de São Paulo.

Com uma população na capital estimada em 10,3 milhões, o número de habitantes na região metropolitana do Cairo chega a 22 milhões. Além de ser o centro da cultura e da política egípcia, situada às margens do Rio Nilo, e fundada há mais de 6.000 anos, está localizada perto de alguns dos vestígios mais famosos do antigo Egito, como as Pirâmides de Gizé.

Contudo, basta uma volta pela cidade para verificar que seu funcionamento e operação estão bastante prejudicados. O tráfego de veículos é muito dificultado pela falta de semáforos e faixas para travessia de pedestres.

Além disso, edifícios de órgãos públicos, ministérios e embaixadas em torno da Praça Tahrir, no centro do Cairo, obstruem as artérias da cidade, pois muitas ruas são bloqueadas para garantir a segurança desses prédios e de seus ocupantes. Em alguns horários é praticamente impossível movimentar-se pela cidade. Além disso, a população da já superlotada capital deverá dobrar até 2050.

Muitos prédios estão inacabados, muitas vezes sem revestimentos, janelas ou telhados, o que dá uma aparência de degradação na cidade. A razão de esses edifícios permanecerem com as obras inacabadas é a legislação, que obriga o pagamento do imposto predial somente depois da construção concluída. Dessa forma, para evitar o pagamento de impostos, muitas obras não são terminadas.

Essas são algumas das principais razões para o governo do Egito ter embarcado em um projeto de US$ 45 bilhões (R$ 251,3 bilhões), com o objetivo de atender as necessidades mais prementes da cidade, e construir uma nova capital administrativa.

Essa nova capital, em fase final de implantação, está sendo construída a aproximadamente 45 km a leste do Cairo, em uma faixa de deserto do tamanho de Singapura, e deverá abrigar embaixadas, agências governamentais, o parlamento, 30 ministérios, um complexo presidencial, e aproximadamente 6,5 milhões de pessoas, quando concluída.

Não apenas removerá prédios administrativos do Cairo, mas também criará moradias muito necessárias. Além disso, o governo se comprometeu a alocar 15 metros quadrados de área verde por habitante na nova cidade. A nova capital terá um "rio verde" central, uma combinação de águas a céu aberto e vegetação plantada num parque com o dobro do tamanho do Central Park de Nova York. Portanto, o projeto também está sendo visto como um esforço para combater a poluição e tornar o Egito "mais verde".

A nova cidade terá ainda um aeroporto, uma "opera house", um complexo esportivo e um centro de negócios com 20 arranha-céus, incluindo o mais alto da África, com 345 metros de altura.

Contudo, no que diz respeito a habitações, segundo Mustafa Mensahawy, pesquisador da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, não está claro quem poderá morar na nova capital quando ela for concluída. As unidades habitacionais estão sendo vendidas a preços muito elevados para os padrões egípcios. Um apartamento com dois quartos na nova capital custa em torno de US$ 50 mil (R$ 279 mil), um valor que está fora do alcance de muitos em um país onde o PIB (Produto Interno Bruto) per capita é de cerca de US$ 3.000 (R$ 16.757). Assim, parece que a nova capital administrativa será destinada aos mais ricos, e pouco fará para atender às necessidades de habitação dos residentes pobres e desfavorecidos do Cairo.

É por isso que a Nova Capital Administrativa já é vista por muitos como um colossal desperdício de recursos. Os críticos dizem que o dinheiro gasto na construção da nova capital deveria ter sido usado para melhorar as condições de vida nas áreas mais carentes do que logo será conhecido como "o velho Cairo".

De qualquer forma, mesmo com prós e contras, é um projeto gigantesco e impressionante, cujo resultado vale a pena ser cuidadosamente observado.

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