Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Prédios altos em madeira são alternativas sustentáveis para a indústria imobiliária

Material pode se tornar competitivo frente ao aço e concreto armado para a construção de edifícios

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Arranha-céus construídos em madeira são recentes alternativas viabilizadas pelo desenvolvimento de tecnologias que aumentam, de forma significativa, a resistência mecânica dessas estruturas, por meio dos painéis de madeira laminada cruzada, o que torna possível elevar os limites técnicos da construção desses edifícios para mais de 40 andares.

Com benefícios para o meio ambiente e baixos custos de mão de obra, as construções em madeira podem se tornar competitivas frente às de aço e concreto armado, criando alternativas interessantes para a indústria imobiliária.

Um dos principais benefícios da construção em madeira sobre outros materiais é a sustentabilidade. Essa afirmação é corroborada pelo resultado de pesquisas sobre a energia incorporada e a emissão de gases de efeito estufa no processo de fabricação dos materiais.

A produção de um metro quadrado de espaço suportado por uma estrutura de aço resulta na emissão de 40 kg de CO2 e requer 516 mega joules de energia. O concreto não é muito melhor, com 27 kg de CO2 e 290 mega joules de energia. Em contraste, um metro quadrado de área de piso suportado por uma estrutura de madeira emite apenas 4 kg de CO2 e requer apenas 80 mega joules de energia.

Construir um metro quadrado de espaço com madeira ao invés de aço reduziria as emissões de carbono a um décimo. Além disso, a madeira é um material natural, oriundo de um recurso renovável, que em processo de desenvolvimento sequestra o dióxido de carbono, que fica aprisionado em seu interior por toda sua vida útil.

Contrariamente ao que se poderia imaginar, essas estruturas incorporam novas tecnologias que lhes permitem ter proteção contra incêndio e resistência sísmica, resistência estrutural compatível com edifícios altos, fácil montagem e menores cargas nas fundações, em função do menor peso. Essas características, aliadas aos benefícios ambientais, tornam esses edifícios uma alternativa bastante interessante para a acomodação de novos produtos imobiliários.

Próximo ao lago Mjøsa, cerca de 100 quilômetros ao norte de Oslo, na Suécia, a torre Mjøstårnet, com 85 metros de altura, tornou-se a construção de madeira mais alta do mundo quando foi inaugurada, em 2019.

A estrutura de 18 andares contém apartamentos, escritórios e um hotel. Além de colocar essa pequena cidade no mapa mundial, acrescentou-se a um conjunto crescente de evidências o fato de a madeira fornecer uma alternativa factível e sustentável ao concreto e ao aço para edifícios altos.

Uma grande quantidade de novos arranha-céus de madeira foi implementada em 2020. Em Vancouver, no Canadá, o arquiteto vencedor do Prêmio Pritzker, Shigeru Ban, projetou um complexo "híbrido”, composto por um núcleo de aço e concreto com a estrutura de madeira, que será inaugurado ainda este ano.

Enquanto isso, em Milwaukee, Wisconsin, a construção de um prédio de apartamentos em madeira, com 72 metros de altura, deve terminar em breve. Na Áustria, foi inaugurado o empreendimento de uso misto denominado HoHo Wienn, com 24 andares.

Placas de madeira empilhadas
Placas de madeira laminada cruzada em fábrica de Vologda, a 500 km de Moscou, na Rússia - Dimitar Dilkoff/AFP

Juntamente com a Sidewalk Labs, uma empresa pertencente à Google, o arquiteto canadense Michael Green propôs transformar todo um bairro em Toronto, construindo 12 edifícios em madeira, com alturas entre 10 e 35 andares.

A empresa britânica PLP Architecture criou propostas para três arranha-céus em madeira, incluindo uma torre de 300 metros de altura no coração de Londres.

A empresa japonesa Sumitomo Forestry, por sua vez, diz que planeja gastar 600 bilhões de ienes (R$ 28,12 bilhões) para construir um arranha-céu de madeira com 350 metros de altura em 2041, para marcar seu 350º aniversário.

Tudo parece indicar que os edifícios altos em madeira vieram para ficar, e que o mercado imobiliário deve, cada vez mais, olhar para essa alternativa como uma forma ambientalmente equilibrada de empreender.

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