Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Descrição de chapéu Mobilidade sustentabilidade

Miniparques, boa solução para bairros adensados

Criação de um ambiente urbano mais saudável surge como prioridade

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O adensamento urbano tem vantagens incontestes sob a ótica do desenvolvimento das cidades. Contudo, em muitos casos, a utilização de soluções urbanas não convencionais, juntamente com o adensamento, pode ser importante para maximizar efeitos positivos e mitigar eventuais efeitos negativos desse modelo de desenvolvimento.

A criação de um ambiente urbano mais saudável surge como prioridade na política de planejamento. Parques e vegetação em áreas urbanas aumentam o contato com a natureza e são destino recreativo para moradores das proximidades, ajudam a diminuir o estresse e a ansiedade da vida urbana, contribuem para a melhoria do microclima e se mostram como importantes polos indutores da coesão social. Entretanto, em áreas urbanas mais densas, os espaços para criação de parques urbanos com grandes dimensões tornam-se cada vez mais difícil.

O Brás, na zona leste de São Paulo, é o bairro com menor cobertura arbórea da capital - Bruno Santos -16.fev.22/Folhapress

Dessa forma, a adoção de soluções que privilegiem a utilização de áreas com menores dimensões passa a ser interessante em relação aos parques convencionais, tornando os miniparques opções flexíveis e adaptáveis em regiões da cidade com alta densidade populacional.

O sucesso dessa tipologia está em seu baixo custo e na utilização de menores áreas e maior acessibilidade, uma vez que sua presença pode ser planejada em vários locais.

Não existe uma dimensão padrão para definir os miniparques e os tamanhos são determinados pela disponibilidade de terrenos.

As características principais dos miniparques podem ser resumidas em quatro elementos principais: pequena dimensão, porque geralmente são construídos em lotes ou áreas remanescentes; visibilidade e maior difusão em cada bairro; inclusão de efeitos como vegetação e água; acessibilidade e presença de mobiliário para pedestres.

É claro que esses espaços precisam atrair cidadãos, ampliando seu impacto ambiental e social. Dessa forma, os elementos mais importantes do mobiliário são espaços de estar variados, permitindo acomodações para indivíduos e grupos.

A inclusão de características adicionais, como obras de arte, recursos aquáticos e serviço de alimentação, podem convidar ainda mais a utilização pelos usuários. Outro aspecto crucial do miniparque é a presença de vegetação, que permite sombreamento e contato com a natureza.

O conforto visual é moldado pelas condições de luz dos parques. Durante o dia, a radiação solar é a principal variável que afeta a sensação visual, enquanto o principal risco de desconforto é o brilho. À noite, o conforto visual depende do ajuste da luz artificial que ilumina o parque. A iluminação noturna influencia fortemente a percepção de segurança, sendo variável fundamental a se considerar no projeto dos miniparques.

O conforto acústico é outro fator importante na utilização desses espaços. Enquanto sons fortes relacionados às atividades urbanas podem causar sensações indesejáveis, ruídos, mesmo altos, podem ser avaliados positivamente se assemelhados a sons naturais, como movimento de água ou canto dos pássaros.

Pesquisadores demonstraram que nos miniparques Paley e Greenacre, em Nova York, os sons naturais podem reduzir o volume percebido do tráfego e melhorar as paisagens sonoras urbanas. Esses miniparques são caracterizados pelo forte ruído da água, isolando os usuários dos sons do tráfego das ruas próximas, produzindo efeito positivo sobre os pedestres.

Portanto, é inevitável dar mais atenção à essa importante alternativa de estruturação do tecido urbano em cidades como São Paulo, onde o adensamento populacional se dá em regiões com melhor infraestrutura.

Esses espaços podem ser de propriedade pública ou privada.

Incentivos legais adequados, envolvimento dos usuários e planejamento para manter baixos os custos de manutenção podem ajudar a implementar e gerenciar essas áreas com sucesso e sustentabilidade a longo prazo.

O financiamento para desenvolver os miniparques também pode vir de organizações sem fins lucrativos ou fontes alternativas de funding coletivo.

Parece claro que planos para o aumento populacional em determinadas regiões devam ser desenvolvidos paralelamente ao estudo de implantação dos miniparques.

Isso seguramente tornará mais saudável e prazerosa a vida das pessoas que venham a morar ou trabalhar em áreas sujeitas ao adensamento. Esse é um modelo de desenvolvimento necessário para otimizar o uso da infraestrutura urbana e, consequentemente, promover a necessária e inadiável inclusão social na cidade.

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