Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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O encontro da economia com o urbanismo

Os conceitos econômicos podem fornecer parâmetros para garantir a sustentabilidade das cidades

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Conceitos econômicos aplicados a modelos de planejamento urbano podem ajudar a explicar por que as cidades se desenvolvem de uma ou outra forma e como seus habitantes, interagindo com o espaço urbano, participam e contribuem para o desenvolvimento dos locais onde vivem, trabalham, estudam e se divertem.

O planejamento das cidades não deve ser dissociado das dinâmicas de mercado e suas consequências no uso do solo. Portanto, sem deixar de lado a avaliação de impactos econômicos oriundos de decisões urbanísticas, deve existir uma clara visão sobre a melhor forma de utilização dos espaços público e privado, e quais regulamentos impor ao espaço privado, incluindo direitos e obrigações.

Av. Dom Pedro I, região central de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

É vital reconhecer que, embora o planejamento seja importante, é na implementação desses planos que a maioria das cidades falha. Uma das maiores causas dessa falha é a dissociação entre os planos e as realidades econômicas locais.

Os mercados fundiário e de trabalho são importantes motores do desenvolvimento urbano. A dinâmica destes mercados deve ser incorporada às decisões de planejamento, com o foco em melhorar a conectividade espacial, facilitar a aglomeração de atividades econômicas e estruturar modelos que possam garantir o direito à habitação acessível.

A economia tem um papel fundamental nos esforços para alcançar cidades sustentáveis, criando, por um lado, mecanismos para a otimização do uso dos escassos recursos provenientes dos impostos e, por outro, ajudando a avaliar as consequências de regramentos inadequados e inconsistentes com as necessidades de desenvolvimento das cidades.

Os conceitos econômicos podem fornecer parâmetros para garantir a sustentabilidade das cidades, ajudando a atribuir preços adequados aos bens e serviços consumidos. Pagamos impostos aos governos locais pelo uso de infraestruturas e serviços públicos à nossa disposição, e pagamos aos fornecedores de bens e serviços do setor privado um preço pelos itens que consumimos. Onde a oferta for limitada, onde o custo potencial de preservação da ambiência for elevado, ou quando os regramentos dificultam a produção, os preços que pagaremos serão mais altos. É necessário encontrar o ponto de equilíbrio.

No planejamento urbano, a economia tem um papel definido a desempenhar, procurando garantir que importantes e dispendiosas decisões urbanísticas que vierem a ser tomadas baseiem-se numa avaliação minuciosa dos benefícios e custos decorrentes, assegurando não existirem desequilíbrios que possam incentivar a construção de um futuro urbano socialmente injusto e insustentável.

A aplicação da economia urbana pode ajudar a demonstrar se existe demanda para um determinado desenvolvimento imobiliário ou serviço urbano, quais serão os benefícios resultantes (empregos, rendimentos, melhoria de mobilidade, melhor qualidade de serviços etc.) e se o custo para a cidade de tal desenvolvimento/serviço pode ser adequadamente satisfeito por meio de impostos, taxas de utilização dos serviços, ou vantagens econômicas indiretas de sua operação. A avaliação econômica pode destacar os benefícios que se prevê decorram de um desenvolvimento planejado, incluindo empregos e rendimentos diretos e indiretos, apoio a outras empresas, apoio a setores específicos (turismo, por exemplo), além do acesso da comunidade a novos e melhores serviços.

A economia pode ajudar também a calcular as consequências econômicas da falta de decisões urbanísticas necessárias. Deixar de implementar determinados modelos urbanos importantes pode custar muito caro para a cidade e seus habitantes. O conhecimento da magnitude desse custo influenciará, sem dúvida, as tomadas de decisões.

Segundo o economista Edward Glaser, professor e pesquisador da Universidade de Harvard, muito embora os economistas nunca tenham adquirido as competências necessárias para estudar plenamente o ambiente urbano e suas complexidades, ninguém pode dar sentido às cidades sem as ferramentas da economia, mas nenhum economista pode dar sentido às cidades sem recorrer fortemente ao conjunto de outras disciplinas que as formatam.

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