Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Presentes, quarentena obrigatória e reabertura de escolas

Se todos seguirem as regras, comunidade inteira se beneficia; se quebrá-las, outras seguirão esse exemplo até o pior acontecer

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Querido Dan,
Eu administro uma empresa pequena e quero dar a meus funcionários um presente que lhes traga alegria durante esses momentos difíceis. Qual a sua sugestão?
- Maya

Sugiro presentes que proporcionem uma experiência divertida e, ao mesmo tempo, estimulem um sentimento de conexão; tudo o que estamos precisando nos dias de hoje.

Uma opção seria oferecer um vale-presente personalizado para que possam receber em casa uma refeição do restaurante favorito deles. Isso daria a seus funcionários um prazer e permitiria que eles apoiassem uma empresa local com a qual se importam.

Querido Dan,
Eu moro na Nova Zelândia, onde atualmente estamos quase sem casos da Covid-19. A fronteira está fechada, exceto para cidadãos neozelandeses. Entretanto, eles precisam passar por uma quarentena obrigatória de duas semanas isolados em um hotel designado pelo governo para esse fim. Recentemente, houve várias notícias sobre cidadãos que quebraram a quarentena para ir a um supermercado ou uma loja de bebidas, expondo potencialmente dezenas de pessoas ao vírus. O que faz as pessoas pensarem que não há problema em desrespeitar regras como essa?
- David

Fazer com que as pessoas sigam os protocolos de segurança durante a pandemia é um bom exemplo do problema que a economia chama de tragédia do bem comum. Se todos seguirem as regras, a comunidade inteira será beneficiada. Mas se uma pessoa começa a quebrá-las em benefício próprio, outras seguirão esse exemplo até o sistema desmoronar, resultando em todos da comunidade ficarem piores.

O momento que estamos vivendo agora deveria ser visto como uma oportunidade para aumentar a cooperação e a coesão social e, consequentemente o bem comum, não apenas na Nova Zelândia, mas em todo o mundo.

Querido Dan.
Como professor, acompanho de perto o debate sobre a reabertura de escolas. Meu distrito escolar foi fechado em março, quando havia apenas alguns casos no estado. Agora temos milhares de casos, mas as escolas planejam reabrir em setembro. Por que a percepção das pessoas sobre o risco da Covid-19 mudou tanto nos últimos meses?
- Ashe

A decisão de reabrir as escolas envolve a avaliação de muitos fatores, entre eles a qualidade da educação por meio de aulas remota versus presencial, a necessidade do aluno de se alimentar na escola, o ônus econômico que o cuidado com as crianças traz nos pais que trabalha, etc. Nossa percepção de risco, no entanto, foi afetada nos últimos cinco meses pelo o que os psicólogos chamam de habituação.

Quando a Covid-19 começou a se espalhar, a natureza desconhecida do vírus e o rápido aumento de hospitalizações e mortes criaram um medo generalizado, tornando as pessoas muito relutantes em correr riscos.

É difícil, entretanto, de manter a população alarmada nesse nível por tanto tempo. Em geral, as pessoas se adaptam a novas realidades de maneira surpreendentemente rápida. O perigo da Covid-19 não desapareceu —de fato, em muitos lugares, está pior do que nunca—-, mas logo paramos de prestar tanta atenção a estatísticas e manchetes assustadoras.

Começamos a baixar nossa guarda em pequenos atos, como ao esquecer de usar máscara ou ao deixar nossa “bolha” para visitar um parente ou amigo. Quando se trata da abertura das escolas, para muitas pessoas, os benefícios agora parecem maiores do que os perigos simplesmente porque estamos mais acostumamos a viver em um ambiente arriscado.

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