Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

Gastos não criam empregos desejáveis

Se não forem inovadores, apenas transferirão empregos de um setor a outro

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Quando um político afirmar que seu novo e maravilhoso "programa" pago com o seu dinheiro "cria empregos", cuidado. E se um economista usar o mesmo vocabulário de "criação de empregos" e "efeitos multiplicadores", coloque-o numa lista de não economistas que se dizem economistas.

Tenho uma lista deles para os Estados Unidos e o começo de uma outra para a Europa. A maioria dos economistas franceses e muitos italianos estão nela. Thomas Piketty, Mariana Mazzucato...

Você não "cria empregos" gastando dinheiro. Você os cria pensando em novas maneiras de fazer as coisas, enriquecendo a todos nós.

O software de computador foi inventado por Alan Turing e deu emprego a milhões; trabalhadores saíram de empregos menos lucrativos.

Computadores na sala da CCJ da Câmara dos Deputados - Sergio Lima - 20.nov.12/Folhapress

O lance "bicicleta" no futebol foi inventado por Ramon Unzaga e depois deu emprego a Pelé e a outros jogadores que sabiam fazê-lo, para deleite dos clientes pagantes.

Pelé dá bicicleta em treino do Santos - Acervo UH - 1965/Folhapress

A ratatouille foi inventada por inúmeras donas de casa no sudeste da França e depois deu empregos lucrativos a inúmeros restaurantes em todo o mundo. O prato figurou no centro do filme de animação "Ratatouille", que foi em si uma inovação. E assim por diante, em milhões de inovações, grandes e pequenas, desde que a igualdade de permissão começou no liberalismo, dois séculos atrás.

Se você tem permissão para abrir um salão de cabeleireiro no bairro, você cria empregos, mas apenas se for uma boa ideia e se render dinheiro. Se tudo o que você faz é jogar dinheiro no salão, o que acaba sendo uma ideia burra, não há criação envolvida. Apenas destruição. Desperdício. Sim, às vezes vale a pena desperdiçar, porque ninguém é perfeitamente previdente. Mas a verdadeira geração de empregos vem da criatividade bem-sucedida. Não de mero gasto.

Mas espere. Não é verdade que se um político aconselhado por Mazzucato gastar dinheiro mesmo em uma má ideia, como o avião franco-britânico Concorde, com certeza as pessoas conseguirão empregos?
E esses engenheiros e pilotos gastam dinheiro, o que, como um "multiplicador", acaba "criando empregos" para, digamos, serem gastos em restaurantes que vendem ratatouille. Um estádio de futebol financiado pelo Estado "gera empregos". Sim?

Não, errado de novo. Mero gasto; se não for verdadeiramente inovador, apenas transfere empregos de uma parte da economia para uma outra, sem ganho líquido —uma baiana fazendo acarajé no estádio; ela poderia vender lá fora do estádio.

São os ganhos líquidos que nós queremos.

Vamos, Mazzucato e Piketty, o estado é notoriamente ruim nisso.

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