Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

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Descrição de chapéu Congresso Nacional

Bode expiatório

Acabar com a reeleição não resolverá as mazelas que assolam nosso sistema político

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O presidente do Congresso recentemente repôs na agenda o tema e disse esperar que se vote ainda neste ano o fim do instituto da reeleição para os chefes dos Executivos federal, estaduais e municipais.

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) falou como quem sugeria a solução ideal para os males que assolam o sistema eleitoral e partidário do país. De imediato, obteve aderência à proposta, dentro e fora do ambiente parlamentar.

Praticamente desde que foi instituída a reeleição, fala-se em acabar com ela, porque não teria "dado certo". A tese começou a ganhar corpo antes mesmo de ser devidamente testada, mas da correção dos defeitos não se cogita.

O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), participa da cerimônia do 3º Fórum Interconselhos, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 30.ago.23/Folhapress - Folhapress

Acho uma graça essa espécie de consenso recorrente a respeito do assunto. Sempre me pergunto a que "acerto" precisamente se referem seus defensores e qual o grande conserto que o fim da reeleição faria na cena política brasileira.

Até parece que os problemas de nossos arcaicos procedimentos nessa seara datam de 1997, quando começou a vigorar a permissão pela disputa de um segundo mandato para prefeitos, governadores e presidentes. São mais antigos e muito mais profundos.

Foram muitas as decisões acertadas tomadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em seus oito anos na Presidência, dentre as quais não se inclui propor a reeleição incluindo-se nela. Ali, FHC perdeu a majestade.

Isso é uma coisa. Outra é o instrumento em si. A chance de o eleitorado reconduzir ao poder governantes que os agradem não guarda relação com o modo de os políticos tratarem essa oportunidade.

Há mau uso e defeitos de origem, é verdade. Mas há ajustes a serem feitos —mais rigor na fiscalização dos abusos e proibição de disputar eleição no cargo, por exemplo— antes de se escolher um bode expiatório ao qual se atribuir as ancestrais mazelas de um sistema que está todo superado, precisando urgentemente de uma reforma completa.

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