Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Tóquio-2020, a chance de ouro para a imagem de Neymar

Desafio do bi olímpico poderia reabilitar o craque brasileiro diante da opinião pública

O atacante Neymar foi alvo de severas críticas durante a Copa do Mundo da Rússia. As atenções concentraram-se mais nas suas quedas em campo, com simulações ou não, do que na sua arte de jogar futebol.

Pouco importa nesta altura dos acontecimentos se as avaliações foram justas. A realidade é que a imagem do atacante, personagem da mais cara transação da história do futebol mundial, sofreu terrível desgaste. O ídolo virou um charlatão dos gramados.

O atacante Neymar lamenta a eliminação do Brasil após a derrota para a Bélgica, nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia
O atacante Neymar lamenta a eliminação do Brasil após a derrota para a Bélgica, nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia - Eduardo Knapp - 6.jul.2018/Folhapress

Não endosso a densidade das críticas, carregadas de exageros, mas não há dúvida de que o jogador, com sua postura e soberba destravou a porteira, que serviu de incentivo para o estouro da boiada. Como ele vai sair dessa complexa enrascada?

Não vai apagar a polêmica da noite para o dia. A tarefa exige bom senso, determinação e perseverança. Humildade é fundamental. Bem-intencionados são capazes dessas virtudes.

No caso de Neymar, a magia do futebol pode recuperar o brilho da imagem. Pouco tempo após a Copa, o jogador e sua assessoria parecem ter caído na real, reconhecendo o desgaste.

Na contramão, um dos patrocinadores buscou, numa jogada de gosto duvidoso e oportunista até, amenizar o problema em propaganda casada (do produto e do atacante) na TV, na qual o próprio jogador admite as escorregadas na carreira e na Copa.

Na peça publicitária, o artilheiro diz que sofre dentro de campo e negou ser mimado. “Dentro de mim ainda existe um menino. Às vezes ele encanta o mundo, e às vezes ele irrita todo mundo”, afirmou.

Essa  não parece, no entanto, ser uma estratégia eficiente para uma virada do jogo. Mais importantes são atitudes dentro e fora dos gramados, não só palavras soltas, insinuando que errar é humano. Ele é ídolo, referência.

Neymar  tem uma longa estrada para percorrer nessa reabilitação, com possível ápice na Copa do Qatar, em 2022. O primeiro passo deve acontecer na Copa América, ano que vem no Brasil.

Palco muito mais importante será a Olimpíada de Tóquio-2020, evento acompanhado pelos esportistas no mundo todo, diferentemente de uma competição regional, menos atraente embora sempre com boa divulgação pela mídia.

O desafio olímpico também tem a vantagem de ser um torneio com raras estrelas consagradas do futebol mundial, facilitando a projeção dos participantes.

Mesmo que a CBF queira Neymar nos Jogos no Japão, ainda é cedo para um posicionamento dele sobre a intenção de aceitar ou recusar uma futura convocação.

Na verdade, o Brasil ainda precisa conquistar a vaga olímpica, pois apenas o time feminino de futebol já está classificado. Além disso, quase no mesmo período da Olimpíada haverá outra Copa América, nos Estados Unidos. Optar por qual evento?

Nos Jogos Olímpicos no Brasil, a CBF chegou a firmar um acordo com o Barcelona, então o clube do atacante, para que ele gozasse férias durante a Copa América e assim jogasse na Rio-2016, evitando maior desgaste físico no recesso do futebol europeu, que banca seus ganhos milionários.

Neymar foi a atração do futebol nos Jogos, anotou o pênalti decisivo que garantiu a medalha de ouro, conquista inédita e histórica do futebol brasileiro. Naquela oportunidade, desabafou, lembrando o veterano técnico Zagallo: “Fazer o quê? Vão ter que me engolir”.

Os olhos dos torcedores continuarão mirando Neymar no dia a dia. O Paris Saint-Germain, time que ele defende, está atento. O técnico do clube francês, Thomas Tuchel, já adiantou que o jogador vai ter respaldo na recuperação.

É possível que lá Neymar fique mais solto. Afinal, tem como parceiros no ataque o uruguaio Cavani e o francês Mbappé, destaques da Copa da Rússia. Dá para duvidar? ​

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