O recordista olímpico do salto com vara, Thiago Braz da Silva, volta a enfrentar uma temporada quente, depois de dois anos de campanhas sem resultados extraordinários. Ele é um dos destaques que despontam na equipe brasileira com chances de medalha de ouro tanto no Pan de Lima, em julho/agosto, como no Mundial de atletismo de Doha, em setembro. É ano pré-olímpico, de acertos para Tóquio-2020.

Thiago Braz ficou famoso nos Jogos do Rio-2016, quando arrebatou o ouro no salto com vara, com a marca de 6,03 m, o novo recorde da competição, feito que surpreendeu. O francês Renaud Lavillenie, campeão em Londres-2012 e recordista mundial com 6,16 m, terminou em segundo naquela oportunidade. A presença dele na prova valorizou ainda mais o resultado do brasileiro.

Apesar da expectativa pender levemente para um caminho de sucesso neste ano, Thiago Braz teve desempenho aquém de suas possibilidades na abertura da agenda, um torneio indoor (em recinto fechado), em Berlim, na semana passada. Terminou em sexto, com 5,56 m, mas revelou ter sentido forte dor no estômago durante a prova, na qual falhou em três tentativas de superar o sarrafo a 5,66 m. Nesta segunda (4), a programação do brasileiro previa nova disputa indoor na Polônia.

A carreira de Thiago Braz tem novidade. Ele voltou a treinar sob orientações do compatriota Élson Miranda de Souza, que já o dirigira de 2009 a 2014, depois de o atleta ter despontado em Marília, interior paulista. O ucraniano Vitaly Petrov, que chegou a dividir durante um tempo a função com Élson, mas depois assumiu o trabalho sozinho, agora é apenas o consultor. Para a Olimpíada, o campeão se preparou em Fórmia, na Itália, com Petrov. Sob o novo comando sua base de treinamentos volta a ser o Brasil.

Elson e Petrov são velhos conhecidos. A dupla trabalhou com Thiago Braz nas campanhas do vice na Olimpíada da Juventude de Cingapura-2010 e do ouro no Mundial Sub-20 de Barcelona-2012. Em parceria, por um período, eles dividiram também treinamentos e orientações à Fabiana Murer, mulher de Élson e a mais destacada saltadora de vara do Brasil, que encerrou sua carreira. Murer conquistou os títulos mundiais indoor, em Doha-2010, no Catar, e a céu aberto, em Daegu-2011, na Coreia do Sul.

Petrov, por sua vez, é um especialista consagrado no mundo do salto com vara. Teve relevante participação na carreira dos recordistas mundiais Sergei Bubka, da Ucrânia, e Yelena Ishinbayeva, da Rússia.

Com essa experiência, mais do que suficiente para não levantar qualquer dúvida sobre suas capacidades, Petrov alertou, após os Jogos do Rio, que o desempenho do recordista olímpico passaria por uma queda natural. O motivo, segundo ele, seria um período de maior tranquilidade para compensar as pressões sofridas nos preparativos para a Olimpíada.

A partir de agora, no entanto, Thiago Braz deve aproveitar todas as oportunidades da temporada para aprimoramentos. O objetivo natural é atingir o pico da forma física, técnica e psicológica em meados do ano que vem para o grande desafio da Olimpíada no Japão. Lá, todos os olhos estarão voltados para o campeão, que não terá a obrigação da vitória, mas sim a de não decepcionar com uma atuação pífia.