Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Edgard Alves
Descrição de chapéu Tóquio 2020

Japão ensaia novo plano de emergência, e vírus tira sono do comando da Olimpíada

Realização dos Jogos de Tóquio deve ser confirmada pelo COI apenas em março

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Apenas a vacina contra o novo coronavírus pode acabar com as dúvidas sobre a confirmação da Olimpíada de Tóquio. A pandemia de Covid-19, que impediu a realização dos Jogos em 2020, causando o adiamento para julho deste ano, continua tirando o sono dos organizadores japoneses.

Está sendo avaliado pelo governo do Japão um novo plano de emergência para conter o avanço da doença, que voltou a colocar a população do país sob pressão e risco de contaminação. A solicitação foi feita por Tóquio e pelas prefeituras vizinhas de Saitama, Chiba e Kanagawa. Na quinta-feira (31), a capital japonesa registrou recorde de 1.337 novas infecções, ultrapassando a marca de mil casos pela primeira vez desde o início da pandemia.

A vacinação é obstáculo gigante, envolvendo áreas diversas, como política, economia e saúde, entre outras. Há também uma questão especial, ética. Governos já anunciam que vacinarão seus atletas.

Seriam eles privilegiados na fila de vacinação por serem atletas?

E o Japão reunir tamanha representação internacional enquanto alguns países poderão estar padecendo com a pandemia? Os Jogos contarão com representantes de 206 países e da Equipe Olímpica de Refugiados do COI (Comitê Olímpico Internacional).

São temas que estão na pauta. Estima-se que a própria população japonesa só começará a ser vacinada a partir do mês que vem. Ainda continua incerto se os estádios receberão torcedores e como será o controle de presença.

Aliás, como o Japão lidará com os estrangeiros, uma vez que suas fronteiras estão fechadas para inúmeros países, com raras exceções? Novas diretrizes do COI e do comitê organizador são esperadas para este mês.

O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, em entrevista à imprensa, admitiu a possibilidade do estado de emergência. Porém, ele amenizou o teor da revelação dando a entender ser improvável que atividades sociais e econômicas sejam interrompidas. A medida está sendo elaborada de ‘’maneira limitada e focada”, destacou.

Em qualquer situação, até mesmo o debate sobre a necessidade ou não de um plano de emergência é um balde de água fria na onda de otimismo que parecia contaminar membros do governo local, dos organizadores dos Jogos e da cartolagem do COI, responsável pela competição.

Inicialmente, os Jogos foram adiados, mas ficaram dependentes de confirmação. Apesar disso, representantes de setores responsáveis pela organização vinham dando declarações otimistas, garantindo a Olimpíada, uma informação falsa. Isso porque, apenas em março, durante encontro do COI em Atenas, o martelo será batido. Até lá, tudo é dúvida.

Com esse impasse, reacende o debate sobre o cancelamento ou a manutenção do evento. O momento é bastante delicado para um posicionamento definitivo, mesmo faltando somente cerca de 200 dias para a solenidade de abertura, prevista para 23 de julho. Ano passado, o adiamento da Tóquio-2020 também ocorreu em março.

O estado de emergência não é novidade no Japão.

Há cerca de um ano, a China, berço das infecções, deu sinais de alerta do novo coronavírus. A escalada das contaminações cresceu rapidamente. Em março, as partes envolvidas na organização e na promoção da Olimpíada assumiram o adiamento.

Em abril, o governo japonês declarou a emergência para Tóquio, decisão ampliada posteriormente para todo o país. A medida foi suspensa no final de maio, devolvendo a confiança aos organizadores olímpicos para a possível realização dos Jogos.

A pandemia encurralou o Japão e o COI, que não tiveram outra saída e aceitaram o adiamento.

Competições internacionais foram canceladas, com os atletas retornando aos seus países. Uma fase difícil para eles. Muitos tinham preparação agendada para modernos centros esportivos no exterior, mas tiveram de voltar para casa.

A pandemia se alastrou e os centros de treinamentos de vários países fecharam suas portas, inclusive os daqui. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) tentou remediar a situação, enviando mais de 200 atletas para treinamentos em centros de Portugal. No Brasil, eles estavam treinando de forma improvisada ou em locais inadequados. O estágio no exterior foi curto, mas animou os atletas.

Diante do quadro mundial da pandemia, os organizadores da Olimpíada aproveitaram o ano esportivo perdido de 2020 para planejar a segurança durante o evento e, posteriormente, nas Paraolimpíadas. Um trabalho complicado. A estimativa da participação de mais de 11 mil atletas foi mantida.

Como proteger tamanho grupo de pessoas, mais equipes de apoio, na Vila dos Atletas? Rompendo uma tradição, ficou decidido que eles poderão ingressar na Vila apenas cinco dias antes do início de suas competições e deverão deixar o local dentro de dois dias de sua eliminação ou conclusão do evento. A medida visa reduzir o número de hóspedes no complexo. No períodos dos Jogos, os atletas deverão passar por vários testes para a detecção do coronavírus.

Um mês de estado de emergência na experiência passada provocou encolhimento assustador na economia do Japão, que já enfrentava dificuldades. A situação atualmente está diferente, indicando chances de recuperação. O sucesso da vacina no uso pela população é a esperança maior e a realização da Olimpíada pode elevar a confiança e o retorno a melhores dias.

O protagonismo está com a vacina.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.