Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Não é trivial suportar tormenta da dúvida sobre realização da Olimpíada

Restando 100 dias a partir desta quarta (14) para a cerimônia inaugural, Jogos continuam incertos

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Os corações e as mentes dos esportistas em geral estariam a ponto de explodir à espera das emoções dos Jogos Olímpicos de Tóquio, com abertura agendada para 23 de julho.

Este deveria ser o quadro emocional dos fãs de eventos esportivos no momento. Entretanto, o mundo anda de cabeça para baixo com a pandemia de Covid-19.

O desfile de abertura continua agendado para 23 de julho, no estádio olímpico da capital japonesa.

Restando 100 dias a partir desta quarta (14) para a cerimônia inaugural, a realização da Olimpíada continua incerta por causa da pandemia.

A efeméride desta semana, porém, carrega forte pressão para um posicionamento final dos organizadores japoneses e do COI (Comitê Olímpico Internacional) sobre os Jogos. Óbvio que a manifestação da cartolagem deverá vir acompanhada de avaliação da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Pela primeira vez na sua então história de 124 anos na Era Moderna, a Olimpíada foi adiada no ano passado, quando o coronavírus causou a reprogramação do evento. Acontece que a pandemia continua causando milhares de mortos em todos os cantos do planeta.

Daí, surge a dúvida: dá para reunir a elite do esporte mundial sem riscos à saúde dos participantes e aos ganhos milionários de parceiros da organização dos Jogos? A aguardada resposta virá em breve.

Os atletas, que são as estrelas do evento, trabalharam duro mesmo sob as agruras da pandemia para atingir a melhor forma possível –física, técnica e psicológica– no ciclo olímpico que veio após os Jogos do Rio, em 2016. Não há dúvida que a maioria deles fez ou ainda fará esforços incríveis para alcançar os índices estabelecidos, o passaporte de acesso aos Jogos.

O adiamento de 2020 se transformou num balde de água fria nos sonhos de esforçados candidatos ao pódio olímpico e até mesmo para aqueles que, sem chances de medalha, têm a oportunidade mágica de participar da grande festa do esporte mundial.

Não é tarefa trivial suportar a tormenta da dúvida sobre a realização dos Jogos e ao mesmo tempo manter o aprimoramento da forma para competir em alto nível. Exige enorme e estafante esforço, muito mesmo, e paciência e equilíbrio mental.

Atleta é um ser humano, cumpre a sua jornada de trabalho (treinos e competições), tem dor de cabeça, dor de barriga, pega gripe e resfriados, tudinho como os seus iguais que buscam a TV ou as arquibancadas para curtir esportes ou uma distração momentânea, repleta de emoções e curiosidades, mas banal para muitos deles.

Haja determinação com um confuso horizonte de tal porte. O desafio é ainda mais abrangente e amplo quando invade todas as frentes na preparação de uma delegação, com o terror provocado pela Covid.

Entre os aspectos mais sensíveis, desta vez um que sempre foi destaque, e tem agora sua prioridade ampliada de forma exponencial, é o referente ao acompanhamento médico e segurança da representação nacional, com centenas de integrantes.

O time do COB (Comitê Olímpico do Brasil) está sendo planejado para um total de até 800 pessoas, das quais cerca de 300 atletas (hoje 200 estão classificados). Com a Covid batendo em todas as portas, a medicina precisa abrir os olhos para não deixar escapar nenhum mínimo detalhe e assim garantir a segurança total da delegação.

Ana Carolina Corte, 41, torcedora do Corinthians e médica do time principal do clube –diga-se da equipe masculina, coisa rara para uma mulher no futebol profissional brasileiro–, atua também há oito anos no COB. O último deles como coordenadora do setor médico.

Os planos da entidade a colocam para atuar com 15 outros colegas de profissão em Tóquio. A saúde dos membros da "missão brasileira" (jargão olímpico para delegação) ficará sob os cuidados desse grupo, ou seja, na proporção de mais ou menos um médico para cada 50 viajantes, com vigilância voltada principalmente contra a Covid. Alguns esportes contarão ainda com o reforço de seus médicos de rotina, exclusivos.

Ana Carolina declarou que vários atletas brasileiros superaram contaminação leve pelo coronavírus. Até o embarque, os planos contemplam testes de todos os viajantes. Ela adianta também que a organização dos Jogos não permitirá deslocamento de membros das delegações, exceto para as atividades relacionadas ao evento, como treinos e competições.

A coordenadora tem outros informes de possíveis protocolos, ainda não detalhados, que estão sendo esboçados pela organização da Olimpíada. Um exemplo definido: o atleta deverá sair do alojamento no Japão e retornar ao país de origem no máximo 48 horas após o término da sua participação.

Relevante, e bota relevante nisso, é outro protocolo em função da pandemia. Caso um competidor tenha resultado positivo no Japão (os organizadores prometem muitos testes durante os Jogos), o companheiro dele de quarto, mesmo sendo negativo, também entrará em quarentena.

Um participante eliminando o outro, situação lamentável que pode tirar um campeão do evento sem que ele chegue a competir depois de anos de dedicação e sonhos.

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