Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Japão sofre reveses na tocha e na organização de evento pré-olímpico

Possível desvio do revezamento de Osaka será um golpe aos esforços para conquistar apoio público

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A pandemia de Covid-19 continua sendo uma grave ameaça à saúde da população no Japão. Já preocupou mais, depois melhorou, subiu, desceu, e agora volta a assustar em meio às dificuldades na contenção das infecções, mesmo com o alento da vacinação.

A nova onda do coronavírus desponta num momento delicado para o Japão, que precisa confirmar a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados do ano passado para julho deste ano por causa da pandemia.

Diante do agravamento da crise mundial da saúde, com a evolução da pandemia, contornar o problema fica mais complicado a cada dia. O Japão vacinou pouco mais de 1,1 milhão de seus 126 milhões de habitantes.

Além de combater a Covid-19 em seu território, os japoneses e o COI (Comitê Olímpico Internacional), parceiros nas responsabilidades da organização dos Jogos, têm de avaliar a situação mundial em relação à pandemia.

A Olimpíada reunirá milhares de pessoas em Tóquio e outras cidades. Bloquear completamente as possibilidades de um repique do vírus parece quase impossível. Embora os japoneses sejam disciplinados e organizados, terão de concentrar todos os seus esforços nesse objetivo. Qual será a reação dos países que deverão enviar para lá suas delegações?

A Coreia do Norte foi o primeiro país a anunciar que não participará do evento. Segundo informações do governo norte-coreano publicadas nesta segunda-feira (5), o motivo é a pandemia.

Na semana passada, Osaka e as vizinhas Hyogo e Miyagi entraram no foco das atenções e estabeleceram mais rigidez nas regras para combater a crise, que se agravou naquelas cidades japonesas. É provável que elas tenham de adotar medidas emergenciais ainda mais severas.

A nova onda do coronavírus, inclusive, transformou Osaka em obstáculo para o revezamento da tocha olímpica. O evento, iniciado em 25 de março na cidade de Fukushima, vai percorrer o país durante 121 dias e estará em Tóquio para a abertura dos Jogos Olímpicos, em 23 de julho.

Osaka, no entanto, transformou-se num obstáculo no caminho do revezamento, programado para alcançar a cidade em 14 de abril (a cem dias do início). Por temer os riscos à saúde dos habitantes, o governador regional, Hirofumi Yoshimura, disse que a passagem da tocha deveria ser cancelada.

A manifestação de Yoshimura foi um balde de água fria no aparente otimismo do comitê organizador da Olimpíada, que passou a manter discussões com as autoridades de Osaka para resolver o impasse.

Alguns moradores da região levantaram dúvidas sobre a eficácia das novas medidas, já que muitos deles se mostram cansados das tentativas. Com a pandemia e o adiamento dos Jogos, grande parte da população japonesa mudou seu posicionamento e passou a defender o cancelamento ou um novo adiamento do evento.

O possível desvio do revezamento de Osaka, uma das cidades mais importantes do Japão, será um golpe aos esforços do comitê organizador para conquistar o apoio público para a Olimpíada.

As prefeituras de Osaka e Miyagi, segundo dados da mídia japonesa, alcançaram o estágio 4, o pior nível na escala de quatro pontos do governo, para o volume de casos de infecções semanais por 100 mil pessoas, enquanto Hyogo está no estágio 3, de acordo com o Ministério da Saúde.

A nuvem de incertezas sobre o nível de controle da pandemia pelos japoneses ficou patente também na semana passada por outro tropeço no esporte. A Fina (Federação Internacional de Natação) cancelou a Copa do Mundo de Saltos Ornamentais, que seria disputada em Tóquio, como evento-teste para a Olimpíada e Pré-Olímpico Mundial.

A atitude da Fina pode ser considerada um alerta grave, pois apontou como muito negativa a avaliação de uma força-tarefa da entidade sobre a segurança do plano apresentado por Tóquio.

Um simples torneio de saltos ornamentais, que conta com poucos participantes, não pode permitir nenhuma dúvida sobre segurança nem de saúde nem de qualquer outra coisa. Como fica a Olimpíada, daqui a menos de quatro meses, com dezenas de milhares de participantes?

Tais acontecimentos não devem ser ignorados em nenhuma questão relacionada aos Jogos. Carecem de respostas enfáticas do governo japonês, do comitê organizador e do COI.

Não seria uma satisfação apenas para a população do país e para os comitês olímpicos nacionais que enviarão suas delegações aos Jogos, mas, principalmente, para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a força aglutinadora do amplo combate ao coronavírus.

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