Não há fotos de divulgação do Volkswagen Polo 1.0 MPI, versão que não tem turbo nem painel digital. Seu lugar no evento de lançamento da linha 2023 era um canto de uma garagem no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
O modelo segue a tradição da marca em não dar atenção à opção mais em conta dessa linha. Talvez seja trauma do que ocorreu em 2002.
Há 20 anos, no dia 1° de agosto, o Polo 1.0 16v (79 cv) foi apresentado à imprensa em Florianópolis. Era a geração com faróis duplos, que já fazia sucesso nas opções mais potentes.
Mas o lançamento coincidiu com uma mudança nas alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Com a dança dos números, o Polo "mil" ficou apenas R$ 610 mais barato que a opção 1.6. A produção foi encerrada em poucos meses.
Hoje o carro mais em conta –e menos rentável– da linha 2023 tem 84 cv, custa R$ 83 mil e traz calotas e mostradores simplórios. A central multimídia é pequena, mas se conecta com smartphones via Android Auto ou Apple CarPlay. Há também direção com assistência elétrica e ar-condicionado.
As opções turbinadas são as estrelas da companhia, recebendo rodas reluzentes (ou pretas) e mostradores digitais. O preço da nova versão TSI com câmbio manual parte de R$ 93 mil. Com caixa automática, os valores começam em R$ 103 mil.
Em comum, todos os carros da linha 2023 vêm com novos faróis. As lâmpadas halógenas foram substituídas por LEDs.
Para quem deseja apenas um carro agradável para o uso cotidiano, o relegado Polo 1.0 flex é uma opção interessante. A versão que estava no canto da garagem foi a escolhida para a primeira avaliação da linha atualizada do hatch.
Ao abrir a porta, encontram-se bancos com encostos inteiriços: os apoios de cabeça foram incorporados à estrutura. A solução colaborou para reduzir custos e peso.
O volante não tem nenhum tipo de regulagem, mas foi fácil achar uma boa posição para dirigir.
Primeira marcha engatada e o Polo parte sem fazer barulho. Está perceptivelmente mais suave ao rodar, o que é o resultado da troca dos amortecedores. O hatch foi adaptado ao gosto do consumidor médio, que prefere conforto à esportividade.
Foram 25 quilômetros ao volante, a maior parte do tempo em meio ao trânsito urbano. O mais pop dos Polo se destaca entre os modelos 1.0 por oferecer bom espaço interno e percepções que o aproximam de um segmento em extinção –o dos hatches médios.
Embora com suspensão menos rígida que antes, permanece estável e não apresenta movimentos de carroceria comuns aos compactos, como torções perceptíveis em curvas fechadas. É um carro sólido.
No ambiente em que a avaliação foi feita, o turbo não fez falta. Com o ar-condicionado ligado, a média com etanol ficou em 11,4 km/l, compatível com o motor 1.0 flex de três cilindros.
Seus 84 cv de potência são os mesmos da versão anterior, lançada no fim de 2017. As outras opções mudaram em meio à estratégia da Volkswagen para o Polo, que passa por adequação à sétima fase do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares) e reposicionamento no mercado.
O Polo turbinado perdeu peso e potência na linha 2023, mas manteve o torque. A Volkswagen diz que não houve queda de rendimento, apesar da redução de 128 cv para 116 cv quando abastecido com etanol. O desempenho de todas as opções será aferido no teste Folha-Mauá.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.