Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Calor que Donald Trump tomou no Arizona mostra que ele dividiu até os republicanos

Além de fatores demográficos, grosseria megalômana do presidente dos EUA contribuiu para isso

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O calor que Donald Trump tomou no Arizona mostra que ele dividiu até os republicanos. No estado onde o Homem de Marlboro teve um rancho, os democratas elegeram para o Senado o ex-astronauta Mark Kelly. Ele é o marido de Gabrielle Giffords, a deputada que em 2011 foi baleada na cabeça por um maluco. (A bala atravessou seu crânio, mas ela recuperou parcialmente a fala e anda com bengala.)

Até este sábado (7), Joe Biden liderava a eleição do Arizona. Fatores demográficos contribuíram para essa mudança no estado que produziu Barry Goldwater, o campeão do conservadorismo republicano nos anos 1960. Contudo, a grosseria megalômana de Trump contribuiu para isso.

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa na Casa Branca, em Washington
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa na Casa Branca, em Washington - Brendan Smialowski - 5.nov.20/AFP

Ele ofendeu o senador John McCain (1936-2018), um político respeitado pela biografia e pela decência. Filho de almirante e piloto de bombardeiro, McCain foi abatido no Vietnã, ralou seis anos de prisão e torturas em Hanói e nunca recuperou completamente os movimentos dos braços. Candidato a presidente em 2008, perdeu para Barack Obama. Tendo contrariado Trump numa votação, tomou um dos insultos típicos do presidente: “Ele não é um herói, foi capturado”. (Trump nunca vestiu um uniforme.)

Quando McCain morreu, Trump ignorou-o e foi jogar golfe. Na campanha, o troco veio de Cindy, a viúva. Herdeira da maior distribuidora da cerveja Anheuser-Busch no país. Em setembro, ela apoiou Biden: “Somos republicanos, mas acima de tudo somos americanos”.

Trump não precisava ter sido grosseiro com McCain, mas sua natureza falou mais alto.

Médici, Geisel e Bolsonaro

Nenhum presidente brasileiro teve uma relação tão próxima com seu colega americano como o general Emílio Médici com Richard Nixon, a quem visitou em 1971. Quando Nixon se atolou no caso Watergate e acabou perdendo o cargo, Médici, fora do governo, não disse uma só palavra.

Nenhum presidente brasileiro detestava seu colega americano como Ernesto Geisel detestava Jimmy Carter. Enquanto esteve na Presidência, nunca disse uma palavra contra ele. Fora dela, recusou-se a encontrá-lo e não atendeu o telefone quando ele ligou para sua casa.

A bomba Wassef

De um advogado que conhece os processos relacionados com Bolsonaro e suas “rachadinhas”, ao saber que seu colega Frederick Wassef tentou operar o depoimento da ex-assessora Luiza Souza Paes: “Esse pessoal está chamando urubu de ‘meu louro’”.

Luiza Souza Paes mostrou ao Ministério Público os comprovantes de que entre 2011 e 2017 o faz-tudo Fabrício Queiroz bicou cerca de R$ 160 mil do salário que recebia no gabinete de Flávio Bolsonaro.

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