Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Elio Gaspari

Os militares no GSI

A velha Casa Militar cresceu e deu no que deu

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Depois da lambança com os golpistas do 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional virou um bode. Bem feito, porque ele se tornou um exemplo do expansionismo burocrático, com os militares palacianos metendo-se onde não devem.

Lá atrás, a velha Casa Militar assessorava o presidente nas questões das casernas, mas seu chefe era também o secretário do Conselho de Segurança Nacional. A encrenca começou aí.

circuito interno
Imagens do circuito interno do Planalto mostram que a antessala do gabinete do presidente foi arrombada por golpistas no dia 8 de janeiro - Reprodução

Como o governo não tinha um instrumento de coordenação administrativa, além de questões militares, o chefe da Casa Militar era um virtual ministro das Comunicações, com voz em questões de política externa. Depois de 1964, esse poder se expandiu. Em 1969, quando o presidente Costa e Silva perdeu a voz pela segunda vez, perguntou ao chefe do Serviço Médico da Presidência, depois de tê-la recuperado:

"Não é derrame o que estou sentindo?

— Não, senhor. Derrame não é. Mas vamos apurar tudo direitinho".

Era, mas àquela altura, nenhum neurologista havia examinado o marechal. Só aquele médico, um major que obedecia ao general que chefiava a Casa Militar, interessado em blindar o episódio.

Costa e Silva havia sofrido uma isquemia, voltaria a emudecer, perderia os movimentos de um lado do corpo e nunca se recuperaria.

Com o tempo, a Casa Militar meteu-se em aventuras nucleares e acompanhou o extermínio dos guerrilheiros do Araguaia. Na redemocratização ela cresceu e virou Gabinete de Segurança Institucional e acabou anexando (de fato) a Abin, herdeira do Serviço Nacional de Informações.

O tempo passou, o governo tem outro tamanho e outra estrutura. O GSI precisa redefinir suas atribuições, limando as generalidades que permitiram sua expansão. Lula resolveu colocar no lugar do general Gonçalves Dias outro militar, também da reserva. Ao contrário de seu antecessor no governo Bolsonaro, ele trabalhou com Dilma Rousseff numa época em que não havia renascido a figura dos generais palacianos.

As roupas que os chefes do GSI têm no armário importam pouco. A Casa Militar de Costa e Silva era comandada pelo general Jayme Portella, patrono dos generais palacianos. Ele ajudou a arruinar o regime com a edição do AI-5 e a saúde de Costa e Silva.

Curiosamente, o major médico de 1969 foi antecedido e, mais tarde, sucedido no cuidado da saúde do presidente por um coronel da reserva competente e sincero. Chamava-se Américo Mourão.

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