Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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O Congresso e o STF brigam por nada

O Supremo mudou, para pior

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O Senado, a Câmara e o Supremo Tribunal Federal estão em pé de guerra. O pomo da discórdia é a defesa das prerrogativas constitucionais de cada instituição. Visto assim o conflito teria uma essência saudável. É triste, mas nessa elegante embalagem está embrulhada uma vulgar luta pelo poder, demarcação de território.

O Supremo atravessa linhas que, a juízo do Congresso, exorbitam sua competência. Para conter esse avanço, senadores querem mutilar as atividades do tribunal. Caso clássico de briga de antropófago com canibal.

O presidente Lula (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em cerimônia de posse do ministro Luís Roberto Barroso como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília
O presidente Lula (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em cerimônia de posse do ministro Luís Roberto Barroso como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília - Pedro Ladeira - 28.set.23/Folhapress

Uma coisa é certa. Comparando-se o Congresso e o Supremo de hoje com as mesmas instituições no dia em que foi promulgada a Constituição, há 35 anos, o Senado e a Câmara pioraram. Quem mudou mais, para pior, foi o Supremo.

Duas provas disso:

Uma, de alto nível, é a frequência com que a corte decide uma coisa e, depois, o seu contrário.

Outra, de baixo nível, é a frequência com que alguns ministros têm seus nomes associados a disputas por vagas na magistratura com o desembaraço de cabos eleitorais. O pior é que esses poderosos padrinhos não se incomodam com a exposição.

Uma ideia velha para a segurança

Uma ideia para quem quiser acreditar numa contribuição para a segurança pública brasileira, sem perder tempo com o blá-blá-blá de prefeitos, governadores e ministros.

Cria-se uma fundação de direito privado, financiada por empresas ou pessoas físicas. Ela pode ser municipal ou estadual. Associam-se à fundação os policiais civis ou militares que quiserem fazê-lo.

Ela subsidiará habitações e educação para os associados e suas famílias. Poderá também conceder empréstimos.

Se a iniciativa sobreviver, ela poderá até complementar a aposentadoria do policial. O associado que for denunciado por qualquer infração será gentilmente desligado da entidade.

Iniciativas vagamente semelhantes existem nos Estados Unidos. Algumas deram certo, outras não.

Essa fundação, ou outro organismo privado, pode ter qualquer desenho, a ideia básica é colocar um novo agente na cena. Até porque, desde 1988, a única novidade surgida foram as milícias.

Equipamentos e polícia

Graças aos equipamentos colocados à disposição da polícia do Rio de Janeiro, ela descobriu que o carro usado pelos assassinos de três médicos que estavam na avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, foi para a Cidade de Deus. Outro equipamento interceptou um telefonema que poderia ter dado a localização das vítimas. Tudo isso em menos de 24 horas.

Patrulha perto do hotel da avenida Lúcio Costa nem pensar.

Jogo perigoso

As centrais sindicais precisam pensar na vida.

Com uma das mãos armam o retorno do imposto sindical com outro nome. Com outra, o sindicato dos metroviários de São Paulo deflagrou uma greve contra a privatização da empresa, azucrinando a vida de milhões de pessoas.

Quem faz greve política não pode reclamar se, politicamente, o troco vier na próxima eleição.

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