Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Fernando Canzian

'Sem foro, é Moro' vai cercando Temer e sua turma

Goste-se ou não desse pessoal, a coalização do presidente se mostrou eficiente

Em 1º de janeiro de 2019, Michel Temer descerá do Planalto à planície. Se não se reeleger, virar ministro ou embaixador do novo governo, perderá seu foro especial.

Temer foi denunciado duas vezes em 2017 e escapou por conta desse foro e de sua maioria na Câmara. Nesta semana teve o sigilo bancário quebrado, apesar do foro, em investigação que pode reunir provas para o futuro próximo.

O STF já sinalizou que os processos contra Temer serão retomados assim que ele deixar o cargo, e o presidente estará vulnerável a decisões de juízes de primeira instância. Sobretudo em casos envolvendo a Odebrecht, “sem foro, é Moro”, dizem.

Temer tem dois amigos presos por causa de dinheiro com destino mal explicado, Rocha Loures e Geddel Lima. Romero Jucá, Eliseu Padilha e Moreira Franco, todos do MDB do presidente, também são investigados e podem ficar sem foro em janeiro.

Uma das apostas dessa turma é que sua ruína ou eventuais prisões seriam um problema para o resto do país recém-saído de sua pior recessão. Pois teria sido a liderança deles e da coalização liderada pelo MDB a responsável por adotar algumas reformas e ações que fizeram a economia voltar a crescer.

Goste-se ou não desse pessoal, isso é em parte verdade. Mesmo assim, a atual calmaria no mercado esconde no fundo a falência das contas públicas. É questão de tempo a maré virar caso não sejam aprovadas, em 2019, reformas que ficaram para trás, em especial a da Previdência.

Temer e seus amigos podem não estar mais por aí para ajudar a gerenciar uma coalização entre os 35 partidos no Brasil. Mas a chave do relativo sucesso deles foi dividir o poder entre aliados de forma proporcional, incluindo o loteamento dos 29 ministérios.

O “toma lá, dá cá”, infelizmente, segue como realidade de nosso sistema político.

Dependendo do nível dos ataques entre os candidatos na campanha que começa, pode se tornar impossível mais à frente construir coalizões para aprovar as reformas que faltam.

 

João Doria teve a confiança dos paulistanos em 2016 ao vencer pela primeira vez uma eleição em primeiro turno na cidade de São Paulo.

Demolidas suas ambições presidenciais, quer ser governador. Das 118 promessas feitas, deixa mais da metade longe da implementação, segundo acompanhamento da Folha.

São Paulo Cidade Linda se despede.

 Mato e pichação em rua no bairro do Pacaembu
Mato e pichação em rua no bairro do Pacaembu - Fernando Canzian/Folhapress

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