Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Fernando Canzian

Alvo do PT e de populistas, batalha da Previdência não será fácil

Governo dependerá de uma taxa de fidelidade elevada para aprovar emenda constitucional

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Antecipando a oposição que o PT fará à reforma da Previdência, Gleisi Hoffmann voltou da Venezuela dizendo que o partido não apoia a candidatura de Rodrigo Maia (DEM) à presidência da Câmara dos Deputados.

No governo FHC, o PT votou contra o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra uma reforma previdenciária parcial. Juntas, as medidas consolidaram a estabilização da moeda nos anos 1990.

A posição atual do partido é política e vai contra uma reorganização atuarial das contas públicas, em desequilíbrio insustentável causado pelo envelhecimento da população –somados, os déficits previdenciários privado e público chegarão a R$ 262 bilhões neste ano.

Tanto é assim que, em 2003, Lula promoveu uma importante reforma previdenciária. Ela não só acabou com a integralidade de rendimentos para novos servidores como instituiu alíquota de 11% de contribuição sobre parcela das aposentadorias dos inativos.

Ao se posicionar contra a reforma, o PT também dará um tiro no pé dos quatro recém-empossados governadores do partido (CE, BA, PI e RN). Como nos demais estados, eles terão cada vez menos dinheiro diante da escalada de gastos com servidores inativos que uma reforma da Previdência poderia conter.

Não surpreenderá se alguns deles se posicionarem a favor da reforma, apesar da posição do partido.

Para passar a Previdência, o governo precisará de 308 dos 513 deputados. Se a oposição conseguir de fato reunir quase 160 votos como quer, a taxa de fidelidade dos deputados governistas pró reforma terá de atingir quase 90%.

O PT e seus 56 deputados eleitos (incluindo Gleisi) devem liderar essa oposição, indicando como “inimigos dos trabalhadores” quem estiver favorável a uma reforma que a maioria da população (71%, segundo o Datafolha) rejeita.

Não é desprezível, portanto, o risco de a reforma sofrer um revés e as contas públicas degringolarem de vez, em um desarranjo que certamente trará a inflação de volta.

Vale recordar que, nos anos 1990, enquanto o PT bombardeava as reformas de FHC, populistas como Jair Bolsonaro também votaram contra o Plano Real e a reforma da Previdência.

Neste momento, no entanto, apenas a expectativa de aprovação da reforma já dá alento à economia, com dólar e juros futuros em queda e Bolsa de Valores (onde as empresas se financiam a custo baixo) em alta.

Só isso já deveria ser um grande incentivo para os deputados deixarem o populismo de lado e avaliarem o que o país pode ganhar em empregos e renda com a reforma.

Sobretudo depois da brutal recessão provocada pelo PT.

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