Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Pelo comportamento do brasileiro, fica claro que vamos mudar para pior

Para que gastar milhares de reais em peças de roupa, se não saímos de casa?

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Não é só o papel higiênico o produto disputado na pandemia. A venda de maconha quase dobrou nos Estados Unidos e no Canadá durante a quarentena. Na Espanha, a compra de vinho e cerveja disparou em comparação a antes do confinamento.

Ilustração de mulher loira fumando sentada em cima de um prédio. Ela está com os cabelos presos, a roupa suja e com plantas, tv, celular e sofá em volta
Galvão Bertazzi/Folhapress

Mesmo que o uso recreativo de cannabis seja amplamente difundido no Brasil —só não vê quem não quer—, ainda não é possível medir crescimento nas vendas. Mas é fato que a pandemia mudou outros hábitos de vida e consumo dos brasileiros.

Se antes os analistas de tendências diziam que o futuro seria compartilhado, com a pandemia o futuro será isolado. O “cohousing”, nome pomposo para pensão ou república estudantil, será solo-housing ou, no máximo, “casado-com-filhos-housing”, se algum casamento sobreviver à quarentena.

A indústria da moda terá de se reinventar. Para que gastar milhares de reais em peças de roupa se não saímos de casa? Os itens básicos da quarentena são pijamas, conjuntos de plush e camisetas das eleições de 1989.

Lingerie também ficará em baixa, já que, no isolamento, ninguém usa sutiã nem transa. A nova pornografia será assistir ao canal Off, já que ver pessoas viajando e praticando esportes em lugares exóticos será um fetiche proibido.

O mercado estético entrará em decadência. Para que aplicar botox e preenchimento no rosto, se podemos usar os filtros do Instagram? A dermatologista Ligia Kogos terá que se contentar em empurrar cloroquina a seus pacientes, pois nem espinha precisará espremer.

Os regimes milagrosos também perderão o sentido. Qual o motivo de fazer dieta, se estamos todos gordos? Saem as dietas paleolítica, mediterrânea e de South Beach —mesmo porque ninguém vai para Miami tão cedo. Entra a dieta pandêmica, que constitui basicamente de pedidos por delivery, barras de chocolate e salgadinhos Torcida.

As blogueiras e instagrammers também vão entrar em extinção. Qual é o sentido de alguém mostrar o look do dia para quem usa o mesmo look todo dia? Ou ver Gabriela Pugliesi falando “obrigada, coronavírus”, enquanto faz uma festa? Melhor assistir às lives do Atila Iamarino falando que vamos todos morrer.

É certo que vamos mudar com a pandemia. Mas, observando o comportamento do brasileiro nos últimos tempos, fica claro que não vai ser para melhor. Razões não faltam para fumar maconha e consumir álcool como se não houvesse amanhã.

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