Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Bolsonaro antecipa 1º de abril e prega enorme pegadinha no planeta

Presidente gostou tanto de brincadeira que resolveu transformar em Dia da Mentira todos os dias, até 2022

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Após o adiamento das eleições municipais e do Carnaval, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para mudar mais uma data comemorativa. Para seu discurso na Assembleia Geral na ONU, antecipou o
Dia da Mentira, que cairia em 1º de abril de 2021, para a última terça-feira, dia 22 de setembro.

Para inaugurar a data em grande estilo, Bolsonaro pregou uma enorme pegadinha em todo o planeta. “Como ninguém soube da mudança da data, só ele se divertiu”, disse um dos assessores de miojo do Palácio do Planalto.

Assim como sua arma preferida, a metralhadora, o presidente foi capaz de disparar centenas de mentiras por segundo, mostrando que tem, sim, algum talento.

A começar pelo alerta de que, na pandemia, seu governo tinha “dois problemas a resolver, o vírus e o desemprego”. Em uma clara referência a Sérgio Mallandro, João Kleber e Ivo Holanda, o autor da expressão “gripezinha” estava fazendo uma pegadinha.

Ilustração de homem vestindo terno e faixa presidencial fazendo um discurso enquanto seu nariz de madeira está pegando fogo. Ele está em pé em cima de vários corpos empilhados
Galvão Bertazzi/Folhapress

Inspirado nos shows de piadas de Ary Toledo, tirando as partes que faziam a plateia rir, Bolsonaro contou que “não faltaram hospitais e meios de atender aos pacientes de Covid”. “Cheguei a acreditar que vivia na Nova Zelândia”, disse uma espectadora de Pernambuco, um dos estados cujo o sistema de saúde entrou em colapso.

A declaração de que “floresta úmida não permite a propagação do fogo em seu interior” preocupou até proprietários de saunas secas. “Fiquei com medo de me incendiar assim, do nada, em meu interior”, desabafou um frequentador de spa.

Quando o presidente citou as parcelas do auxílio emergencial, que “somam aproximadamente US$ 1.000 para 65 milhões de pessoas”, foi numa clara homenagem a Paulo Guedes, o ministro da Economia que não sabe fazer conta.

O ponto alto do pronunciamento fictício foi quando Bolsonaro responsabilizou “o caboclo e o índio” pelas queimadas nas florestas. Assessores tiveram de fazer um grande esforço para não rir e estragar a grande peça pregada pelo capitão em todo o planeta.

“Parabéns, meu presidente. Antecipar o Dia da Mentira foi uma das grandes iniciativas do seu governo”, comentou o perfil @sandra123450355, no Twitter.

Embora muitas pessoas tenham se ofendido com o pronunciamento, Bolsonaro gostou tanto da brincadeira que resolveu transformar em Dia da Mentira todos os dias, até as eleições de 2022.

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