Desde que o ser humano emitiu o primeiro som com algum significado, lá na Idade da Pedra, é provável que já tenha começado a mentir. Talvez os australopithecos já contassem suas lorotas até antes de falar, gesticulando aos colegas que uma árvore estaria do outro lado da savana, para sobrar mais frutas para eles.
Dezenas de milhares de anos depois, as pessoas aperfeiçoaram como nunca as técnicas de contar mentiras.
Em tempos de crises, essa habilidade fica ainda mais aguçada. A prova disso é a pandemia. Enquanto o coronavírus corre solto, nunca se mentiu tanto, seja para se proteger ou, pelo contrário, arrumar uma desculpa para organizar um churrasco com 50 convidados.
A coluna selecionou algumas das grandes mentiras contadas nesse período. Confira se você já caiu em alguma delas.
‘Estou superisolado.’
Uma das lorotas mais populares, normalmente, é desmascarada pelas redes sociais do autor, nas quais ele é visto aglomerando na praia, frequentando churrascos, festas, bares e chás-revelação.
‘Estamos seguindo os protocolos de segurança.’
Desculpa muito usada por estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes. Quase sempre, o protocolo é só um borrifador com álcool 70% e um cozinheiro usando uma máscara com o nariz para fora.
‘Não sei como peguei, não saio de casa.’
Tão falsa quanto a eficácia da cloroquina, muitas vezes a farsa vem acompanhada de comentários preconceituosos, como “acho que peguei do porteiro”.
‘Pode vir. Não vai ter ninguém.’
Balela muito usada em pequenos encontros. Quando o convidado chega, encontra não só o anfitrião, como 25 amigos e seus acompanhantes.
‘Estou bem.’
Mentira mais contada da pandemia, já que bem ninguém está. Pelo menos quem tem o mínimo de lucidez.
‘Cerca de 50% dos óbitos por Covid não foram por Covid.’
Essa e outras mentiras como “imunidade de rebanho”, “tratamento precoce”, “uso de máscara causa efeitos colaterais” e “é só uma gripezinha” são só algumas das centenas de mentiras contadas pelo australopiteco que comanda o país.
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