Tóquio, 2008. A sociedade japonesa vive um período de paz e serenidade.
Após uma terrível guerra e dois ataques nucleares devastadores, a população se reergueu. A indústria está mais próspera do que nunca, a taxa de analfabetismo beira a zero e os idosos de Okinawa ultrapassam os 145 anos, sem previsão para morrer.
No Ministério de Segurança Nacional, os funcionários jogam sudoku para passar o tempo. Quando o agente secreto Takeda chega caminhando rapidamente à sala do ministro Yoshimura: "Senhor, estamos com uma ameaça terrível."
"Americanos novamente?", pergunta o ministro. "Achávamos que estávamos em paz com eles."
"Não, senhor. A ameaça vem do Brasil", anunciou o agente.
"Brasil? Aquele país que mal conseguiu entrar na guerra porque os navios afundaram no caminho? O que foi? Ameaça de guerra? Drogas?"
"Não, senhor. Os brasileiros, eles estão colocando cream cheese no sushi."
"Nós já sabíamos disso. Como retaliação, mandamos centenas de karaokês."
"Não adiantou, porque a coisa piora, senhor. Agora eles criaram o bolo de sushi, hot dog de sushi. E…"
"Desembucha!", diz o ministro.
"A pizza de sushi."
O silêncio domina a sala. As veias saltam na testa do ministro. A tradição sagrada do Japão está ameaçada por uma invenção culinária tão audaciosa quanto perturbadora.
"Precisamos revidar ou, logo mais, eles vão criar o quê? O panetone de sushi?"
"Senhor, eles já fizeram. Se chama ‘sushitone’."
O ministro vira a mesa do gabinete: "'Sushitone’ já é demais! Agente Takeda, mande mais 1 milhão de SUVs para o Brasil. Vamos acabar com o trânsito deles!"
"Enviamos em 2005, senhor."
"Que mais eles gostam lá?"
"Samba, futebol, skate… Essas coisas de terceiro mundo", despreza o agente.
O ministro tem uma ideia: "Vamos atacá-los com skate."
"Mas, senhor, aqui ninguém gosta de skate. Gostam de karatê, beisebol…"
"Faça elas gostarem. Espalhe pistas de skate em todos os lugares. Daquelas com corrimão, piscina vazia, essas coisas de maloqueiro. Transforme em currículo escolar e esporte olímpico, para ganharmos medalha de ouro! E prata!"
"Sim, senhor!"
O ministro esfrega as mãos, impiedoso: "Os brasileiros vão desejar nunca ter ido a um restaurante japonês. Panetone de sushi. Onde já se viu?".
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