Gabriela Prioli

É mestre em direito penal pela USP e professora na pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Gabriela Prioli
Descrição de chapéu Folhajus

Vacina: quer pagar quanto?

Quem falará pelos brasileiros fora dos grupos de pressão?

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O governo Bolsonaro trata a vida como um asset político. Ora defende o tratamento precoce e demoniza a vacina, ora se apropria da vacina como conquista particular. Quem sofre às margens do Ipiranga são aqueles que, sem cargos ou fardas, nunca ouviram o grito de liberdade.

Num país que se organiza a partir do interesse de poucos, os desempregados da pandemia padecem em um sistema de saúde superlotado (apesar dos diversos leitos vazios nos hospitais do Exército), com um auxílio emergencial de fome, sem políticas públicas, sem salário, sem vacina, sem esperança.

O Programa Nacional de Imunizações, que até ontem pensávamos ser o objetivo primeiro de um país cansado de morrer, ficou em segundo plano. Estranha, e infelizmente comum, a nossa forma de lidar com as escolhas democráticas. Todos padecem do ocorrido nas urnas em 2018, mas sofre menos quem pode se vacinar sem depender do governo federal.

A iniciativa privada se incomoda com o atraso na vacinação? Legítimo. Em vez de trabalhar para apenas furar a fila, poderiam trabalhar para responsabilizar quem deliberadamente atrasou a chegada das vacinas e se submeter à ordem de prioridade. Todo mundo que votou pelo acesso às vacinas pela iniciativa privada votaria pelo impeachment de quem atrasou a vacinação?

Em vez de remédios políticos amargos, a Câmara presidida por Arthur Lira entrega para Bolsonaro a tranquilidade de seguir impune com seus desvarios. “Vai, Presidente, pode seguir ridicularizando o genocídio no dia em que mais de 4.000 brasileiros morreram que a gente segura as pontas por aqui”.

Minha esperança é que os signatários da carta que antecedeu, por dias, a suposta “mudança de tom” de Bolsonaro, sigam defendendo o que escreveram no documento: “dados, informações confiáveis e evidência científica”. A evidência científica recomenda estratégias de vacinação que levem em consideração a vulnerabilidade dos grupos e o interesse coletivo.

Vacinação ilegal em garagem de companhia de ônibus em Belo Horizonte - Reprodução

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