Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu

Indulgência como dever

Marina Silva superou desavenças com PT; Ciro Gomes, não

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São Paulo
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O ex-presidente e candidato à Presidência da República PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, concedem entrevista coletiva à imprensa em São Paulo - Danilo Verpa - 12.set.22/Folhapress

Dizem que a ingratidão é dever dos políticos. A indulgência, também. Quem tem a espinha muito dura e não consegue superar desavenças pretéritas tende a ter problemas nesse meio. Marina Silva parece ter sido capaz de deixar o passado para trás; Ciro Gomes, não.

Ambos têm motivos para guardar mágoas do PT. Marina militou por três décadas no partido. No governo Lula, foi ministra do Meio Ambiente, cargo do qual pediu demissão após um processo de fritura explícita. Em 2014, já fora do PT, quando disputava a Presidência e aparecia bem nas pesquisas, sofreu, da campanha de Dilma Rousseff, ataques abaixo da linha da cintura. Há quem identifique no episódio o início do processo de deterioração da política brasileira.

Ciro nunca pertenceu ao PT, mas foi um aliado fiel tanto de Lula como de Dilma. Na campanha presidencial de 2018, porém, viu as alianças que tentava construir sabotadas pelo PT, o que provavelmente era desnecessário já que a eleição seria em dois turnos.

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O candidato do PDT, Ciro Gomes, no debate entre presidenciáveis na TV Bandeirantes organizado em parceria com a Folha, UOL e TV Cultura - Bruno Santos - 28.ago.22/Folhapress

Não há dúvida de que o PT é fominha e nem sempre generoso com aliados de outras legendas. Creio, porém, que esse comportamento seja mais fruto de uma virtude do que de um defeito da sigla. Os partidos brasileiros são, em geral, amontoados de letras aos quais os políticos precisam se filiar para disputar cargos, sem nada que os una ideologicamente. O MDB é de esquerda ou de direita? O PT está entre as exceções, já que tem uma linha programática identificável a unir seus integrantes, que atuam como um grupo. Embora essas sejam características desejáveis num partido, elas também tendem a produzir algumas das chamadas patologias do pensamento de grupo, como a radicalização.

Não estou, com essas observações, chancelando as sacanagens perpetradas. Caberia às lideranças identificar limites éticos que não poderiam ser ultrapassados e manter o partido dentro deles. Ao fim do dia, somos a soma das nossas escolhas morais.

helio@uol.com.br

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