Se as projeções da ONU estiverem corretas, acaba de nascer ou nascerá em algumas horas o octabilionésimo ser humano da Terra. Essa é uma boa e uma má notícia. A parte negativa não é difícil de compreender.
Embora temores neomalthusianos de superpopulação causando fomes apocalípticas tenham ficado no passado, temos motivos legítimos para nos preocupar com a questão do clima e da sustentabilidade na exploração dos recursos naturais. É até concebível imaginar que uma combinação de autocontenção com avanços tecnológicos diversos nos leve a evitar os piores cenários, mas isso só parece possível com o sacrifício da justiça social. É que, se todos os habitantes do 3º Mundo passassem a viver materialmente melhor e atingissem padrões de consumo semelhantes aos dos norte-americanos, a pressão sobre o ambiente aumentaria magnificamente.
É, contudo, a parte positiva que me interessa mais. É bom que haja mais gente no planeta porque, como ensinava o economista Julian Simon, a riqueza são pessoas. Mais especificamente, o que torna a humanidade próspera são as ideias que as pessoas têm e os ganhos de produtividade que acarretam. A imaginação humana, diz ele, é o recurso final — e inexaurível. Mais gente no planeta aumenta a probabilidade de surgirem ideias originais, que produzirão novas tecnologias e mais ciência.
Populações razoavelmente densas também são importantes para criar mercados grandes o suficiente para manter a economia girando e para assegurar a viabilidade de sistemas previdenciários.
Essas ideias, que já soaram exóticas, vão sendo assimiladas pelos países. A China, que até 2016, sob inspiração neomalthusiana, ainda insistia na política do filho único, percebeu a magnitude de seu erro e agora tenta, sem muito sucesso, incentivar seus cidadãos a gerar proles maiores. A solução, ainda que parcial, para o problema é tão óbvia quanto difícil de implementar: imigração.
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