Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu aborto drogas

Lula é de esquerda?

Votos de perfil conservador dados por Zanin no STF geram indignação entre petistas

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São Paulo

Petistas e simpatizantes estão furibundos com Lula por causa da indicação de Cristiano Zanin Martins, que vem proferindo votos de perfil conservador em suas primeiras participações no STF.

A inexistência de critérios racionais e coerentes para distinguir esquerda de direita faz com que recorramos a uma espécie de algoritmo que combina autodeclaração, genealogia e concordância com algumas bandeiras, como aborto, descriminalização das drogas, ações afirmativas e defesa do meio ambiente, que julgamos representativas o suficiente para funcionar como um teste ideológico.

O ministro do STF Cristiano Zanin e sua esposa, Valeska Martins, recebem os cumprimentos do presidente Lula e da primeira-dama, Janja, após a cerimônia de posse no Supremo - Pedro Ladeira/Folhapress - Folhapress


Podemos dizer que Lula é de esquerda porque é assim que ele costuma se classificar. Ele também marca coluna da esquerda pelo pedigree. O PT surgiu na tradição dos movimentos de esquerda, com um pé no sindicalismo, outro no da intelectualidade universitária paulista e um terceiro no comunitarismo da Igreja Católica. Mas a adesão do atual presidente da República às grandes pautas da esquerda, quando ocorreu, nunca foi das mais entusiasmadas.

Em relação ao aborto, por exemplo, ele mantém uma posição para lá de ambígua, ora dizendo que é contra, ora afirmando que a questão deve ser tratada como problema de saúde pública e não penal. Não me lembro (nem encontrei no Google) uma declaração dele na linha de que as mulheres devem ser soberanas para decidir se vão ou não em frente com uma gravidez.

A indefinição é em parte reflexo do sistema eleitoral, pelo qual candidatos a cargos majoritários evitam meter-se em polêmicas que possam alienar o voto de parcelas expressivas da população. Seja como for, ao indicar Zanin, valorizando mais o critério da fidelidade pessoal do que o do perfil ideológico, Lula mostrou que está mais preocupado em angariar blindagem para si próprio do que em influenciar os rumos da interpretação constitucional pelas próximas décadas. É uma decisão humana, ainda que não muito "de esquerda".

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