Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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Bloco Desunidos da Retroescavadeira discute atitude de Cid Gomes no Twitter

Gesto foi chamado de desatino a ato político heroico na rede

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Se a solidariedade imediata de 20 governadores de partidos e matizes ideológicas distintas à PM da Bahia contra a fala de @jairbolsonaro no caso do ex-capitão Adriano da Nóbrega causara estranheza, ela ficou explicada com os fatos da última quarta-feira (19), quando o senador Cid Gomes (PDT) foi baleado por policiais amotinados em Sobral (CE), após avançar sobre eles montado numa retroescavadeira.

 

A convicção de que agitadores bolsonaristas estão por trás da incitação de facções das Polícias Militares contra o governo de seus estados acendeu o sinal de alerta, que se espalhou no Twitter. E o alerta de que o golpe na Bolívia começou não num quartel do exército, mas numa unidade policial de Cochabamba, dado pelo jornalista Elio Gaspari em sua coluna de 17 de novembro, ecoou nas redes.

Colaborador do site @elpaisbrasil e membro do grupo Jornalistas pela Democracia, @florestanjr disse ter avisado ainda antes: “Em outubro alertei que a identidade ideológica dos PMs pelo bolsonarismo poderia desembocar na formação de uma tropa nos moldes da SS nazista. O motim em Sobral e os movimentos ultradireitistas das PMs em vários estados são a confirmação de que Bolsonaro tem sua guarda pretoriana.”

Vereador na Câmara de Belo Horizonte, @gabrielazevedo (sem partido) avançou na interpretação: “Vamos falar muito sério agora? Há um claro movimento estimulado pelo Palácio do Planalto de insurgência entre forças policiais no Brasil. É eleitorado cativo do presidente. Há um achaque organizado no plano federal. E isso é gravíssimo. Coloca em risco a Federação.”

Ex-policial e defensor da corporação no Senado, @majorolimpio (PSL-SP) também condenou, em dois tuítes, a conduta de seus pares: “Fui ao Ceará para ajudar na mediação e encerramento da paralisação parcial dos policiais do estado. Tentamos em conversa com o governador, parlamentares e policiais dissuadi-los a voltarem para casas sem JAMAIS PARAR A LUTA PELA DIGNIDADE DA FAMÍLIA POLICIAL.”

@majorolimpio “Mas não posso concordar com pseudo policiais e movimentos como bandidos black blocs, mascarados, armados, depredando viaturas e veículos de civis e ameaçando a população. Toda a minha vida eu lutei pela dignidade dos policiais, de cara limpa, mesmo na ativa.”

O advogado e presidente da Fundação Leonel Brizola em Pernambuco, @PedroJosephi, compartilhou vídeo que registra a atuação de um ex-parlamentar do PSC, apoiador de Jair Bolsonaro, na articulação do movimento: “Cabo Sabino, ex-deputado federal, flagrado dando dinheiro a mulheres que posteriormente foram ‘fechar’ um batalhão da PM no Ceará.”

E a colunista do @estadao e âncora do programa Roda Viva, da @tvcultura, @veramagalhaes, registrava na quinta-feira (20), antes da tardia decretação da missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Ceará: “O Congresso e o STF seguem mudos até agora. Urge considerar ilegal a greve dos PMs no Ceará e punir exemplarmente os responsáveis por atirar num senador da República. A escavadeira foi um desatino? Certamente. Mas houve uma tentativa de homicídio de um amotinado.”

@veramagalhaes “O ministro da Justia @SF_Moro precisa se manifestar a respeito da ilegalidade dos movimentos grevistas e da necessidade de os governadores dos estados terem o apoio do governo federal para enfrentar chantagens tendo a população como refém.”

Na dia em que Cid Gomes foi baleado, o silêncio sintomático do governo ganhou ares de conivência com o tuíte do filho Zero Três do presidente: @BolsonaroSP “Tenta invadir o batalhão com uma retroescavadeira e é alvejado com um projétil de borracha. É inacreditável que um Senador da República lance mão de uma atitude insensata como essa, expondo militares e familiares a um risco desnecessário em um momento já delicado.”

A postagem ganhou resposta em tom de desafio do irmão do senador, o ex-candidado à presidência pelo PDT, @cirogomes “Depoutado #EduardoBolsonaro, será necessário que nos matem mesmo antes de permitirmos que milícias controlem o Estado do Ceará como os canalhas de sua família fizeram com o Rio de Janeiro.”

E, no domingo (23), a assessoria do senador desmentia em seu perfil a versão de que ele teria sido alvejado por balas de borracha: @senadorcidgomes “No sábado (22/02), o Senador submeteu-se a exame de raio-x que confirmou a existência de dois projéteis alojados, um ao lado da costela e outro fragmento no pulmão esquerdo. Não serão realizados procedimentos para a retirada desses projéteis.”

Em um thread (fio) publicado no mesmo dia, o jornalista Bruno Tortura, do Estúdio Fluxo, que desde 2013 documenta em vídeo as manifestações da extrema direita no país, defendeu o “desatino” do senador:

@torturra “O que está em jogo é algo muito, muito sério. A integridade do comando civil sobre as forças de segurança do país. Ao arriscar a própria vida para reestabelecer esse princípio, Cid cometeu, sim, um ato político heroico. E como todo ato heroico, radical e cheio de riscos. E mais:”

@torturra “Cid inseriu mais energia e instabilidade no cenário? Talvez. Acho que sim. Mas não foi seu pavio curto que explodiu a bomba. Ele apenas ajudou a mais gente ver o tamanho do abismo e da sublevação das polícias. E por isso tem, sim, todo meu respeito.”

Em meio aos estilhaços, o presidente foi ao Twitter na quinta-feira (20) tranquilizar a nação: @jairbolsonaro “A democracia nunca esteve tão forte.”

O cordão dos moderados

Após a vitória estrondosa do socialista Bernie Sanders nas primárias do Partido Democrata em Nevada, um jornalista do @elpaisbrasil e @elpaisamerica foi ao Twitter comentar a repercussão do feito entre alguns analistas políticos brasileiros:

@FelipeBetim “Não sou grande fã do Bernie Sanders, mas acho engraçado como os ‘centristas-liberais-moderados’, aqueles que tiveram 4% dos votos nas eleições brasileiras, estão convictos (como se tivessem bola de cristal) que Donald Trump ganha se o candidato democrata for o Bernie.”

E lembrou o desempenho sofrível da centrista Hillary Clinton em 2016.

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