Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Domingo promete mais sofrimento que alegria em grandes clássicos pequenos

Fluminense x Corinthians e Botafogo x Vasco fogem da tradição dos clubes e estão mais para pelada

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Dos oito jogos deste domingo (13), apenas dois reúnem legítimos campeões brasileiros dos dois lados: Fluminense x Corinthians, no Maracanã, às 16h, e Botafogo x Vasco, no Nilton Santos, às 20h30.

Nenhum deles candidato a lutar pelo título, os quatro mais preocupados em não correr riscos de rebaixamento.

Triste retrato que só não é em branco e preto por causa do tricolor carioca de Nelson Rodrigues, embora para ele “a mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana”, com o que nosso dia estará salvo.

De fato, o corintiano revive os tempos se não de maloqueiro, os de sofredor, ao amargar campanha medíocre, à altura de sua direção, mesmo que com elenco superior ao rendimento e aos resultados até agora alcançados.

Gil ajoelhado no gramado
O jogador do Corinthians Gil, depois de partida contra o Palmeiras - Amanda Perobelli - 10.set.20/Reuters

Daí o clássico no Rio de Janeiro, dez títulos brasileiros reunidos, sete dos paulistas, três dos cariocas (o de 1970, do Robertão, deveria valer mesmo para completar quatro, mas o revisionismo político que levou a misturar Taça Brasil com Campeonato Brasileiro impede), estar mais para pelada que de acordo com as tradições dos dois clubes.

Já Botafogo x Vasco, um título botafoguense contra quatro cruzmaltinos, não foge muito disso, apesar da surpreendente campanha vascaína até aqui, graças ao argentino Germán Cano, quase um gol a cada vez que pega na bola, sempre com um toque só, para lembrar Luis Artime, outro argentino com as mesmas características, artilheiro do Palmeiras nos anos 1960.

Palmeiras que receberá o ilegítimo campeão de 1987 Sport com a lembrança do último encontro na casa verde, no Brasileiro de 2018, quando acabou surpreendido e derrotado, de virada, por 3 a 2, com requinte de perder pênalti no último minuto, cobrado por Keno. O mesmo Keno que havia aberto o placar no primeiro tempo.

Porque o futebol é assim, cruel, como quem viu a vitória do Santos sobre o Atlético Mineiro na Vila Belmiro bem sabe.

Drama shakespeariano é pouco.

O Galo, na volta de Jorge Sampaoli à Vila, amassou o Santos nos primeiros 15 minutos quando o goleiro João Paulo brilhou, com defesas incríveis.

Mas o outro goleiro, Rafael, foi expulso. Victor saiu do banco para o seu lugar e para engolir um frango gigantesco, na verdade um peru, primeiro dos três gols sofridos pelo Galo na derrota por 3 a 1.

Por tudo que significa na vida atleticana, São Victor não merecia tamanho castigo, como Cássio, o arqueiro corintiano, não precisava ter passado pela provação que o companheiro mui amigo Fagner lhe impôs no dérbi.

Em mau momento, Cássio ia bem no clássico e, ao desviar a escanteio chute cara a cara do palmeirense Lucas Lima, viu o lateral direito fazer pênalti desnecessário, e burro, porque ainda no primeiro tempo. O resto da história já se sabe.

Há pênaltis e pênaltis.

Os feitos intencionalmente são poucos, como o de Fagner, sabendo que haveria expulsão.

Luis Suárez fez um desses, nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010, contra Gana, jogo 1 a 1, no último minuto da prorrogação. Goleiro vencido, fez ele a defesa, num soco para o meio da área.

Última cartada, expulso de campo, o uruguaio viu Gana chutar o penal no travessão, a decisão ir para a marca da cal e a Celeste chegar às semifinais, sem ele, mas nelas.

Já o desafinado Fagner viu apenas seu time sofrer o 1 a 0 e o segundo tempo inteiro com 10 contra 11. Um jênio!

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