João Agripino Doria avisou na segunda-feira (8) que no dia seguinte anunciaria a paralisação do futebol em São Paulo.
Na terça (9), refugou. A quarta (10) passou em branco, quer dizer, teve jogos, e na quinta (11), finalmente, diferentemente do que propunha o Príncipe, anunciou a suspensão do Paulistinha. Mas só a partir desta segunda (15), se é que não voltará atrás.
Faz o mal aos poucos, em vez de cortá-lo pela raiz.
Joãozinho Nove, homenagem da coluna ao massacre de Paraisópolis, faz como o goleiro inseguro, o zagueiro indeciso, o centroavante que titubeia na cara do gol. Só que em vez de sofrer ou deixar de fazer gols, suas idas e vindas causam mortes.
Lembremos que tudo começou ainda dias antes das eleições municipais, quando, como os negacionistas de Brasília, Agripino e Bruno Covas se recusaram a tomar as medidas que a situação já exigia.
O futebol causa aglomerações e passa sensação de normalidade, duas causas da catástrofe sanitária. E mente quem diz não haver caso de jogador atuar infectado: Lucas Piton, do Corinthians, enfrentou o Palmeiras numa noite e testou positivo na manhã seguinte.
Espanholização
O tema voltou com o Palmeiras, no lugar do Corinthians, e o Flamengo com cadeira cativa, alviverde e rubro-negro que acumulam as melhores taças nos últimos anos, embora não necessariamente as disputando entre si, o que já atenua a hegemonia.
O risco do duopólio existe, mas o tamanho das massas torcedoras dos clubes mais populares permite evitar a concentração de poder e conquistas em apenas dois clubes.
Além de ser necessário, para garantir a autossustentabilidade, mudar o modelo de gestão e adotar a SAF, a Sociedade Anônima do Futebol. Para não depender de raro gestor esclarecido ou de mecenato.
Mario Filho
O que leva um bando de deputados, com o Rio em estado desesperador, a propor mudança de nome do Maracanã?
Do mesmo modo que não faz sentido mudar o nome do Rei Pelé, em Maceió, para Rainha Marta, é estupidez pensar em trocar o nome de Mario (por favor, sem acento) Filho pelo do Rei. Homenagear o melhor jogador de todos os tempos sempre valerá, mas não deve ser à custa de assassinar a história.
Lionel e Cristiano
Outra boa polêmica da semana deu-se em torno do fim do reinado de Messi e Cristiano Ronaldo, ambos alijados das quartas da Champions, o que não acontecia desde a temporada 2004/05.
“Deus castiga quem o craque fustiga”, ensinou mestre Armando Nogueira, e será prudente ir devagar com o andor.
Quantas vezes não se decretou o fim do Santos e o Santos ressurgiu? Pelé não estava acabado antes da Copa de 1970?
Os dois gênios jamais foram andorinhas solitárias que fizeram os verões do Barcelona e do Real Madrid. Sempre tiveram juntos coadjuvantes que, a rigor, eram protagonistas também. Hoje não têm mais, mas ainda podem ter. Aguardemos.
Aliás, a constatação enobrece ainda mais as trajetórias de Mané Garrincha e Diego Maradona, capazes de brilhar quase sozinhos em duas Copas.
De repente
Não mais que de repente, em meio ao país devastado, surge uma luz no fim do túnel e não é o trem na contramão.
O restabelecimento da justiça e um pronunciamento foram capazes de reacender a esperança do fim da barbárie e da retomada do processo civilizatório. Que assim prossiga.
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