É impressionante a segurança mental do time do Palmeiras.
O que Abel Ferreira e sua comissão técnica obtêm no comportamento dos jogadores é louvável.
Parece não ter tempo ruim para eles, nem estar perdendo por dois gols fora de casa para adversário poderoso, nem enfrentar, com dois jogadores a menos, o mesmo rival uma semana depois.
Se observarmos alguns atletas, então, a perplexidade e a admiração aumentam.
Deixemos a frieza e a competência de Weverton fora disso, porque ele sempre foi assim, só no Corinthians não perceberam quando esteve por lá aos 20 anos, em 2006/07, vindo do Acre.
Porque mesmo o xerife Gustavo Gómez entrega muito mais no Palestra do que na seleção do Paraguai.
O antes irritadiço Dudu transformou-se num homem esquadra, se mata em campo, aparece em todo canto, é flecha e arco ao mesmo tempo, faz gols e dá passes para gol na mesma medida.
Raphael Veiga não está ainda como esteve antes de se machucar? Pois Gustavo Scarpa compensa em dobro.
Verdade que o diabo de Felipe Melo baixou em Danilo, que não é violento, e ele fez o que fez, descontrolado.
Rony, no entanto, é o melhor exemplo. Merece uma estátua no portão principal do clube da Água Branca.
Porque raras vezes se viu um jogador se desdobrar para cumprir a função que a ele destinarem como faz o…centroavante…ponta-de lança…ponta-esquerda…direita…ala?
Rony é uma homenagem à transpiração, daquelas que correm atrás da inspiração como der, com as pernas ou de bicicleta.
Flamengo e Atlético Mineiro têm elencos melhores que o palmeirense.
O Galo mostrou-se mentalmente fraco nos embates tanto com o rubro-negro quanto com o alviverde.
O time da Gávea está em ascensão e terá de mostrar, na próxima rodada, a 23ª, como visitante, maturidade e talento para derrotar o líder do Campeonato Brasileiro, quase uma final antecipada, embora faltem ainda tantas rodadas. Terá de ser paciente e insistente e não perder nunca a chance de liquidar o jogo. Porque o time do Palmeiras e, de uns tempos para cá, sua torcida, não desistem nunca, de verdade, muito mais que mera propaganda.
Aquela torcida do amendoim, aqueles outros que criticavam até em goleadas, desapareceram.
Agora, joga junto e é capaz de fazer não o 12º jogador, mas, como no caso do jogo contra o Galo, o 11º e, depois da expulsão, injusta, de Scarpa, o 10° e o 11º.
Cumprido seu papel dentro do estádio, fora dele haja tolerância com o tamanho da chateação de que são capazes os palmeirenses.
São chatos, chatíssimos, chatérrimos mesmo.
Como os corintianos, santistas, são-paulinos, flamenguistas, colorados, cruzeirenses, quando estão por cima. Isso!
O torcedor é antes de tudo um chato.
Diga-se que o time do Palmeiras faz da humildade e da resiliência duas de suas principais virtudes.
O torcedor, ao contrário, se acha e, cá entre nós, tem por que se achar.
Este texto foi redigido antes do Dérbi em Itaquera.
Não há nele nenhuma inveja, até porque escrito por quem tem Mundial —dois, aliás…(risos).
Há, sim, uma tênue, singelíssima esperança de que o Corinthians ressuscite no clássico e baixe a crista dos rivais.
Pois sonhar não paga imposto. Se, no entanto, acontecer o mais provável, não estranhem a rara leitora e o raro leitor a ausência da coluna na segunda-feira.
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