Sobre o episódio de que participou e o condenou, na Suíça, envolvendo uma menina de 13 anos de idade, Cuca continua calado sem nem sequer ter a coragem de pedir desculpas.
Preferiu criar um novo clichê para o futebol, como outros já celebrizados neste Brasil do autoengano: "Com o jogo 11 contra 11, a nossa oportunidade era maior de vencer do que com 11 contra dez".
Por mais de uma hora o Palmeiras ficou com um jogador a menos, e por 15 minutos com dois, mas, mesmo assim, o Atlético Mineiro não conseguiu fazer gol para ficar na Libertadores.
Daí a frase do treinador, inconformado com a retranca alviverde, ao tentar fugir do óbvio —a necessidade de o rival se fechar e a incapacidade de seu time, nervoso, furar a defesa alviverde.
Ora, é sabido ser mais fácil destruir que construir, embora haja várias maneiras de, ao variar o modo de atacar, com constantes viradas de um lado ao outro do campo, para explorar os espaços das laterais do gramado, chegar à meta de quem tem jogador, ou jogadores, a menos.
O Galo se mostrou incapaz de explorar a vantagem, e Cuca, em vez de reconhecer a deficiência, preferiu criticar Abel Ferreira, que, na mesma noite, ao saber da reclamação do adversário, ensinou-o como fazer.
É claro que, se Hulk tivesse feito o gol perdido nos acréscimos, tudo teria sido diferente e a polêmica nem nasceria.
Nasceu e talvez vire um clássico, como outras máximas do tipo "2 a 0 é placar muito perigoso" ou "o gol surgiu na hora certa", ambas com explicações também racionais, apesar de a primeira ser de fato perigosa para quem está perdendo e a segunda permitir perguntar se há hora errada de fazer gols.
No fundo, e em resumo, são todas frases para distrair e permitir pegar os autores pelo lado absurdo, se faltar boa vontade a quem as interpreta.
Entre tantas outras, "correr atrás do prejuízo" é apenas mais uma, porque, em regra, corre-se em busca do lucro.
A vida é dura. "Técnico vive de resultados", e a troca de provocações entre Abel e Cuca é mais uma prova disso, pois um venceu e pontificou, e o outro perdeu e esperneou.
Menos mau que tudo tenha ficado restrito às declarações, sem chegar às vias de fato como quase se viu, à beira do gramado, entre o alemão Thomas Tuchel e o italiano Antonio Conte, durante e depois do clássico inglês entre Chelsea e Tottenham.
Após o entrevero, e os devidos cartões vermelhos pela cena que beirou o ridículo, Tuchel a justificou ao dizer que os dois são muito "sanguíneos".
Também de cabeça quente Vítor Pereira fez referência à conta bancária e apanhou quanto mereceu.
O lusitano do Corinthians teve o mérito de se desculpar, coisa que até hoje o sr. Alexi Stival não fez —não por declaração infeliz, mas por ato inominável.
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