Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Brasil

A imensa missão corintiana no Maracanã

Para ser campeão da Copa do Brasil, alvinegro terá de reeditar façanha de 1976

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De um lado estava a chamada "Máquina do Doutor Horta", o Fluminense com suas estrelas: Carlos Alberto Torres, Edinho, Rodrigues Neto, Carlos Alberto Pintinho, Cléber, Gil, Doval, Rivelino e Dirceu.

Do outro, o Corinthians, com seus operários: Zé Maria, Moisés, Wladimir, Givanildo, Ruço, Vaguinho, Geraldão, Neca e Romeu.

Corria o ano de 1976, e as semifinais do Campeonato Brasileiro eram disputadas em jogo único: Internacional x Atlético Mineiro, no Beira-Rio, e Fluminense x Corinthians, no Maracanã, mando de jogo para os de melhor campanha.

A certeza dos tricolores cariocas era tamanha que o presidente do Flu, Francisco Horta, criativo juiz de Direito, desafiou a Fiel a comparecer ao estádio.

A Fiel foi. Dividiu o Maracanã com mais de 140 mil torcedores e estimulou os jogadores alvinegros para que fossem protagonistas de tarde épica.

A diferença técnica era tamanha que só a demonstração inédita da paixão não bastaria.

E aí o imponderável tratou de fazer uma surpresa.

São Pedro se uniu a são Jorge e mandou ver uma tempestade daquelas típicas do verão na Cidade Maravilhosa, naquele domingo, 5 de dezembro.

O gramado encharcado equilibrou a diferença técnica, mas, mesmo assim, logo aos 18 minutos de jogo, Carlos Alberto Pintinho pôs o Flu na frente.

A prevista vitória carioca se desenhava sob o aguaceiro.

Em meio ao dilúvio, porém, Ruço, de meia puxeta, empatou 11 minutos depois.

Praticamente não houve futebol, nem mesmo polo aquático, mas uma tourada na lama do desgramado do Maracanã.

Vieram os pênaltis.

As pernas tricolores pesavam uma tonelada cada uma, e os corações alvinegros voavam leves como plumas. Pura felicidade.

Resultado? Corinthians 4, Fluminense 1.

E lá se foi o Timão para Porto Alegre jogar a decisão com o Colorado quando o país todo esperava que fosse o Tricolor.

A decisão da Copa do Brasil nesta quarta-feira (19) exige dos corintianos superação semelhante, porque o Flamengo é sabidamente melhor e assim se fez no jogo de ida, em Itaquera, quando só não venceu porque nem Cássio nem o travessão quis.

Desta vez não haverá divisão entre a Fiel e a Nação, os tempos são outros. O tempo também será outro porque a meteorologia prevê noite de céu aberto no Rio, embora decidir na marca do pênalti seja possibilidade concreta e, talvez, o objetivo de Vítor Pereira, apesar de ele ter negado na entrevista após o 0 a 0 do primeiro jogo.

Pereira também reclamou demais da arbitragem pelo suposto pênalti de Léo Pereira e pela ausência do segundo cartão amarelo a João Gomes.

Na verdade, o pênalti não houve, e o cartão dado a Gomes foi exagerado.

Parece evidente que o Corinthians tentará repetir o que fez com sucesso em casa: calçar as chuteiras da humildade por reconhecer sua inferioridade, algo longe de ser vergonhoso, só realismo e pragmatismo.

A vantagem da "Máquina do Doutor Horta" era incomparavelmente maior sobre o Corinthians de 1976 do que é a do exuberante time de Dom Arrascaeta na comparação com a atual equipe liderada por Cássio.

Portanto, a missão que se afigura pode ser encarada e cumprida com sucesso, para desafiar a lógica que determina ser raro em dois jogos o melhor ser derrotado.

Vai, Corinthians!

Nostalgia democrática

Vivêssemos a época da Democracia Corinthiana, o time entraria em campo com VOTE DIA 30 na camisa.

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