No país da piada pronta, embora ultimamente com mais motivos para chorar que para rir, o Corinthians entrou em greve de silêncio e aproveitou para ampliá-la para o futebol.
Levou um baile do Palmeiras e não precisou se justificar porque resolveu calar a boca e suas redes sociais.
A iniciativa veio tão a calhar que há quem jure ter sido pensada exatamente por se prever a derrota no dérbi.
Tudo por partir de quem parte, de uma diretoria sem nenhuma credibilidade, que convive alegremente com contraventores, embora também com alguns magistrados, o que fala mais dos segundos que dos primeiros.
A ideia, em tese, é correta: denunciar a violência no futebol que cresce a olhos vistos, com ameaças e agressões a jogadores, comissões técnicas e cartolas; e combater a indústria de notícias falsas ou a busca desesperada por cliques.
Fosse o padre Júlio Lancelotti o responsável pela campanha e ninguém de boa vontade contestaria.
Na boca da cartolagem alvinegra não pega.
Porque faltam informações essenciais que deem respaldo à iniciativa.
Comecemos pelo começo.
Do que vive o presidente do Corinthians?
Por que recebe torcedores sabidamente violentos?
Por que não fala a verdade sobre a situação econômica do clube?
Por que vive garantindo que a situação do estádio está em vias de ser resolvida e cada vez mais os fatos mostram o contrário?
Por que deixa as categorias de base nas mãos em que estão?
Nada melhor que uma greve de silêncio para evitar perguntas incômodas e fugir de dar respostas verdadeiras.
Porque poucos clubes produzem tantas notícias falsas como o Corinthians ou têm tanta gente em sua diretoria e conselhos de quem não se compraria um carro usado.
Daí a campanha corintiana parecer fadada a ser um tiro n’água.
A Democracia Corinthiana faz 40 anos neste 2022 e tem sido usada, sem escrúpulos, como puro marketing — sem uma palavra contra o governo de extrema-direita que nos assola.
A imagem de Sócrates, o exemplo de Wladimir e o ativismo de Casagrande sobrevivem. Mas só os deles.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.