Paulistas e cariocas já decidiram por duas vezes a Copa do Brasil, em 2004 e 2005, quando, surpreendentemente, o Santo André e o Paulista de Jundiaí levaram a melhor sobre o Flamengo e o Fluminense, no Maracanã e em São Januário, respectivamente.
Paulistanos e cariocas, jamais.
Na próxima quarta-feira (12) veremos não só o começo de decisão inédita como entre os dois times mais populares do Brasil.
Certamente não envolve as duas melhores equipes do país, porque o Palmeiras está fora dela, mas se não é a melhor final, é a maior.
Com ambos em busca do tetracampeonato. Inteiros, desde que Cássio jogue como tudo indica que acontecerá, embora Bruno Henrique esteja fora e Maycon deva ser apenas opção no banco de reservas.
Corinthians e Flamengo repetem os embates das quartas de final da Libertadores acontecidas no começo de agosto passado, quando o favoritismo rubro-negro se confirmou sem nenhuma dificuldade, com vitórias nos dois jogos —2 a 0 em Itaquera, 1 a 0 no Maracanã.
Os cariocas continuam favoritos, nem tanto como dois meses atrás.
Fausto Vera, a dupla Yuri Alberto e Roger Guedes, além da recuperação de Renato Augusto, mudaram da água para o vinho a produção alvinegra, principalmente em casa.
Nada que signifique superioridade paulistana, porque, além de descansado, o quarteto carioca com Éverton Ribeiro, Dom Arrascaeta, Pedro e Gabigol é ainda superior, mais entrosado, com maior poder de decisão e mais acostumado a vencer.
Basta lembrar do primeiro jogo pelo torneio continental, quando havia equilíbrio no gramado, Maycon se machucou e Dom Arrascaeta achou um golaço desses de desmontar qualquer time.
O Flamengo é melhor, menos do que era, e para o Corinthians se dar bem terá de jogar com a humildade dos que sabem ser possível desde que não tentem jogar de igual para igual.
Uma comparação pertinente fez o nosso Walter Casagrande Júnior outro dia no Cartão Vermelho, do Canal UOL: a seleção italiana, na Copa da Espanha, em 1982, sabia ser inferior à brasileira e, com atuação impecável, ganhou por 3 a 2 na chamada, por nós, de a Tragédia do Sarriá.
O pior, para os corintianos, está em ser decisão com dois jogos.
João sem perdão
João Saldanha, o João Sem Medo, era genial, genioso, corajoso e mal-humorado, sanguíneo.
PVC reproduziu frase dele sobre a derrota no Sarriá, ao dizer que o aspecto positivo da eliminação estava em "acabar com o charlatanismo", crítica cruel, e injusta, a Telê Santana.
Até o fatídico dia 5 de julho de 1982, quando Paolo Rossi marcou três vezes e despachou Falcão, Cerezo, Zico e Sócrates para casa sem o tetra que parecia favas contadas, Saldanha tinha, de fato, críticas aqui e ali, estava muito preocupado com o preparo físico de alguns jogadores, mas estava bastante feliz com o desempenho da seleção e com a admiração que despertava na imprensa estrangeira, procurado pelos jornalistas do mundo inteiro como era constantemente.
A derrota o deixou possesso e, aí, soltou os cachorros, com exagero, proporcional à frustração e sua decepção.
Ninguém me contou, vi, porque com ele estive diariamente na Espanha.
João, como Telê, é dessas saudades imensas, permanentes.
Desnecessário dizer que politicamente Saldanha dava baile em Santana.
Futebolisticamente empatam na teoria e o mineiro ganha do gaúcho na prática.
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