Há três olhares sobre a participação dos dissolvidos merengues neste Mundial no Marrocos, com o Flamengo jogando nesta terça-feira (7) contra os sauditas do Al Hilal e o Real Madrid na quarta, contra os egípcios do Al Ahly.
O primeiro olhar é do tucano otimista, o que não quer ficar em cima do muro: a crise técnica dos madridistas, somada ao verdadeiro hospital em que Santiago Bernabéu se transformou, permite dizer que nunca, desde 2012, ficou tão possível um não-europeu ser o campeão.
O goleiro Courtois, o lateral-direito Lucas Vásquez, o lateral-esquerdo Mendy, o zagueiro Éder Militão, o meia e ponta-esquerda Hazard e o goleador Benzema estão machucados.
O olhar do tucano pessimista é o oposto. Ele dirá que o elenco espanhol é suficientemente poderoso para fazer frente aos eventuais desfalques e que na hora agá a camisa mais vitoriosa da história do futebol prevalecerá.
Finalmente, o tucano autêntico, aquele que não sai do muro, dirá que no futebol tudo é possível e o melhor a fazer é esperar para ver.
Com o que a rara leitora e o raro leitor terão todo o direito de olhar para o colunista e perguntar: "Então, você me faz ler até aqui para dizer isso, em bom português, para dizer nada?".
Ora, sejamos claros: está na cara que o Flamengo pode como o Corinthians pôde 11 anos atrás, mas antes terá de vencer os sauditas —quem sabe se até desafio maior que o atual Real Madrid.
E o Al Ahly pode evitar pela primeira vez um europeu na final.
Eu, hein?
Extremamente fácil
O Palmeiras passou pelo Santos com tamanha facilidade que é o caso de perguntar se o futuro não será problema para Abel Ferreira e companhia, com tão poucos adversários à altura.
Em torneios com mata-mata o acaso estará sempre à espreita, mas, na maratona do Campeonato Brasileiro, nada indica que haverá mais de um ou dois, no máximo, três rivais que possam ameaçar a hegemonia alviverde.
No Paulistinha a reunião de talentos experientes no Corinthians parece ser o maior obstáculo.
Daí o Dérbi na nona rodada, em Itaquera, no próximo dia 16, despertar desde já enorme expectativa porque, afinal, é disso que ainda vivem os campeonatos estaduais.
A prudência pede que não se façam previsões, até para que os de sempre não imaginem eventuais secações.
Cheiro de taça
O Arsenal perdeu do Everton, sua segunda derrota na Premier League, e temeu ver cair de cinco para dois pontos a vantagem sobre o vice-líder Manchester City.
Mas o City não aproveitou ao perder para o Tottenham e o Arsenal parece fadado a não completar 20 anos de fila.
Outro lado
Diz a regra do jornalismo que ouvir o outro lado é obrigatório.
Diz a vida que muitas vezes o cumprimento da regra é mera formalidade, a ponto de ter criado o neologismo "outroladismo".
É mesmo preciso ouvir a versão do ex-ministro da justiça bolsonarista, Anderson Torres? Aquele que não sabe quem pôs a minuta golpista em suas mãos e perdeu o telefone celular nos Estados Unidos, quando nem falar falou com o sociopata genocida?
Sim, a Justiça espanhola deve ouvir tudo que Daniel Alves tem a dizer, como a italiana ouviu Robinho, porque Justiça e imprensa nem sempre estão de acordo.
Mas, cá entre nós, a cada depoimento em Barcelona as chances de Dani sair impune são tão grandes como a de ele ser campeão mundial pela seleção brasileira.
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