Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Corinthians, Santos e São Paulo nunca foram o Trio de Ferro; quem sabe de lata

Se os três se juntassem seriam, enfim, um bom time

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O Trio de Ferro sempre foi composto por Corinthians, Palmeiras e São Paulo.

O Santos ficou de fora por ser do litoral, e o trio da capital paulista.

Por muitos e muitos anos o clube praiano dominou o futebol estadual, nacional e mundial.

Nem precisava mesmo participar de duplas, trios, quartetos, quintetos ou sextetos. A carreira solo bastava para reinar no Planeta Bola.

Pelé na partida Santos 3 x 2 Benfica, no Maracanã, a primeira final da Copa Intercontinental de 1962 - Acervo Última Hora - 19.set.1962/Folhapress

Hoje é um retrato esmaecido na parede e luta para sanear a sangria que mãos inábeis ou inescrupulosas, ou ambas, cometeram contra a saúde financeira da instituição mais que centenária.

Não é muito diferente a situação de seus rivais alvinegros e tricolores da Pauliceia.

Talvez a maior diferença seja que nenhum dos dois teve o Rei Pelé e que não há neles esforço verdadeiro para botar a vida financeira em dia, tantas são as contratações irresponsáveis que seguem fazendo —e com resultados pífios.

Tão pífios que o trio, de lata?, está em férias pelos próximos mais de 20 dias.

Talvez os três, que têm em comum sete títulos mundiais, devessem promover um triangular para ocupar o tempo ocioso e não virem depois com a desculpa de que perderam o ritmo de jogo.

Uma rodada na Vila Belmiro, outra em Itaquera, mais uma no Morumbi e a final na casa verde, para celebrar o único dos gigantes paulistas saudável.

A taça pode levar o nome de Pelé, Raí ou Cássio, todos ídolos e campeões mundiais —ou de Ademir da Guia, que não foi.

Ademir da Guia e Dirceu Lopes no jogo Palmeiras 1 x 1 Cruzeiro, no Parque Antarctica, em 1968 - Nascimento - 23.out.1968/Acervo UH/Folhapress

Corinthians e São Paulo têm torcidas enormes, o que falta ao Santos, mas seus cartolas são incapazes de fazer delas aliadas para sair das crises em que se meteram.

Porque se aproveitam particularmente de seus cargos, pouco preocupados em salvar gigantes adoecidos há muito tempo e sem perspectivas de cura.

Não há água santa que resolva, como também não é preciso exagerar, ao estilo ituano, e decretar que as dívidas são impagáveis e que o trio, de lata?, está condenado a desaparecer.

Apequenado está, a cada vexame desperta menos respeito, mas tem massa suficiente para se reerguer.

É claro que para nenhum deles mais um título estadual faria diferença —o Corinthians com 30, os outros dois com 22—, como é claro que, no momento, ganhar títulos é o de menos.

Importante seria ter compromissos sérios, e públicos, com botar a vida em ordem.

Como inexistem uma coisa e outra, ganhar taças não resolve e perdê-las agrava as crises, humilha os apaixonados.

Fazer demagogia com os torcedores, comprar a simpatia temporária com a ou b, vender jovens, porque a base está nas mãos de empresários, e contratar veteranos, para acertar velhas dívidas, nada disso leva a lugar algum.

Quarenta mil tricolores estavam na casa verde para ver mais um desastre, além de chorar a lesão de Galoppo, porque miséria pouca é bobagem.

Mais de 40 mil alvinegros estavam em Itaquera para ver outra lambança, além de chorar a ausência de Renato Augusto, porque em terra de cego quem tem um olho é rei.

Renato Augusto em partida contra o Flamengo, em 2022 - Sérgio Moraes - 19.out.2022/Reuters

Se Corinthians, Santos e São Paulo se juntassem teriam, enfim, um bom time, um aprazível campo para treinar à beira-mar, outro para jogos médios, mais um para os jogos grandes e nenhum dos atuais cartolas, porque não haveria acordo.

Ah, sim, e seria imprescindível recorrer à tia Leila para pagar as dívidas, gigantescas para os Monteiro Alves, Ruedas e Casares, mas dinheiro de amendoim para a usura.

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