Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Com racismo não tem jogo

Agora é oficial: a CBF autoriza os jogadores a parar partidas com ofensas raciais

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A campanha lançada pela CBF em vídeo com Gilberto Gil, Chico Buarque de Hollanda, Antonio e Camila Pitanga, Carolina Dieckmann, Vladimir Brictha, Teresa Cristina, Renata Sorrah, Regina Casé, Adriana Esteves, Douglas Silva, Murilo Benício, entre outras personalidades da vida brasileira, tem a novidade de trazer, explicitamente, a autorização oficial da entidade que comanda o futebol no país para que os jogadores parem os jogos em que houver ofensas racistas.

Com racismo não tem jogo, diz o mote da campanha.

Vinicius Junior devolve os aplausos recebidos da torcida do Real Madrid antes de partida contra o Rayo Vallecano
Vinicius Junior devolve os aplausos recebidos da torcida do Real Madrid antes de partida contra o Rayo Vallecano - Javier Soriano-24.mai.23/AFP

Não é pouca coisa e é mais um legado da coragem de Vinicius Junior em enfrentar a barbárie.

Porque, como já dito e repetido, é preciso ir além dos gestos, dos manifestos e dos protestos.
Já passou da hora de haver ações concretas, de interromper o espetáculo, de deixar de dançar para fascista bater palmas.

Vamos concordar que, se quando torcedores invadiram o centro de treinamento do Corinthians, em 2014, os quase agredidos jogadores alvinegros tivessem feito o que o então zagueiro Paulo André propôs, não entrar em campo para enfrentar a Ponte Preta, as coisas teriam mudado.

O Corinthians teria perdido os pontos por W.O., e os agressores seriam responsabilizados pela Fiel por tamanho prejuízo e nunca mais agiriam como agiram.

Pois bem. Agora os jogadores têm a autorização de quem dirige os campeonatos brasileiros, da entidade presidida por um preto, o baiano Ednaldo Rodrigues, que conhece a dor e dá todas as indicações de não querer brincar com assunto tão vital, muito além do futebol, mas que entende ser o esporte excelente meio de conscientização.

E tem mais: diferentemente da respeitável opinião do companheiro Martín Fernandez, repórter de primeira e brilhante colunista de O Globo, faz bem a CBF em manter o amistoso da seleção contra Guiné, no próximo dia 17, em Barcelona.

Fernandez argumenta que o jogo, se no Maracanã, serviria para a torcida acolher o craque como merece.
Faz sentido, sem dúvida, mas a manutenção da partida, em terreno eventualmente hostil, servirá para mostrar coragem de enfrentar a questão de peito aberto e dará oportunidade à Catalunha de honrar sua tradição de luta antifascista.

A Espanha não tem o monopólio do racismo. Trata-se de doença mundial e, desgraçadamente, muito nossa.

Não nos esqueçamos de que, recentemente, tivemos um presidente da República que pesava os quilombolas em arrobas e por isso acabou condenado a pagar 50 mil reais ao Fundo Federal de Direitos Difusos.

Até hoje o fascistoide tem adeptos pelo país afora e pelos estádios adentro.

Libertadores em risco

Quem diria que, terminada a quarta rodada do torneio continental, a situação dos sete brasileiros ainda estivesse indefinida, embora com apenas o Corinthians fora da zona de classificação?

A rara leitora e o raro leitor sabem quem diria e disse.

De todos, só o Inter invicto, apesar de campanha medíocre.

Clássicos do dia

Em Itaquera, às 16h, sofrimento para corintianos em busca de vitória sobre o Fluminense para quebrar o jejum de Luxemburgo, oito jogos de abstinência, como se três pontos lhe causassem alergia.

Às 18h30, o melhor jogo da oitava rodada do Brasileirão: Atlético Mineiro x Palmeiras.

O Galo em plena ascensão e o Palmeiras firme, forte e regular.

Pena que no pasto do Mineirão.

A CBF deveria proibir.

Não tem gramado? Perde o mando.

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