Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Guardiola & De Bruyne: o casamento ideal

A união entre o treinador catalão e o genial meia belga produz o jogo mais bonito

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A máquina norueguesa de fazer gols chamada Haaland, a inteligência e a habilidade alemãs de Gündogan, o sólido sistema defensivo, a troca de passes verticais, tudo faz do Manchester City o time mais gostoso de se ver para quem aprecia o desempenho, aliado ao fato de que perder tem sido apenas acidental para o clube inglês.

Indiscutível que a presença do goleador acrescentou o poderio que faltava para o City se transformar na equipe imbatível até onde possa ser invencível qualquer time de futebol, basquete, vôlei, ou até mesmo atletas fenomenais de esportes individuais. Porque sempre haverá o dia em que as coisas não darão certo, pelos mais diferentes motivos.

Kevin De Bruyne cumprimenta Pep Guardiola em partida pela Copa da Inglaterrra, em março
Kevin De Bruyne cumprimenta Pep Guardiola em partida pela Copa da Inglaterrra, em março - Jason Cairnduff - 18.mar.23/Action Images via Reuters

Que Pep Guardiola é extraordinário está mais que comprovado com a trajetória dele no Barcelona e, depois, no Bayern de Munique, cujos efeitos colaterais foram fartamente responsáveis pelo sucesso alemão na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Nos tempos hegemônicos na Espanha, tinha os geniais Xavi e Iniesta, além de Lionel Messi, para ficar só nesses três, e ganhou a Champions.

Na Alemanha, ele tinha Lahm, Robben e Lewandowski, além de Neuer e Boateng, também para ficar só em cinco, mas não levou a Orelhuda.

Agora, e pela segunda vez no City, está perto de conquistá-la novamente. E talvez não a tenha vencido quando perdeu para o Chelsea, que era inferior, porque faltou Haaland ou mesmo o argentino Julián Álvarez, reserva do Cometa, como foi de Lautaro Martínez, no começo da Copa no Qatar. Por sinal, um dos dois sairá campeão europeu de Istambul no dia 10 de junho, porque Lautaro é arma da Inter de Milão.

E cadê o belga Kevin De Bruyne, que está lá em cima, no título da coluna?

Está escondido neste Planeta Bola capaz de iluminar goleiros como Courtois, que impediu os gols de Haaland, mas não o de Álvarez, deliciosa ironia do 4 a 0 em Manchester.

De Bruyne também fica distante dos holofotes sobre Dom Pep, como não goza do mesmo prestígio de Haaland, a quem alimenta de pai para filho.

Mas, rara leitora e raro leitor, aos 31 anos, ele é o melhor jogador do City às portas da Tríplice Coroa.

Mais: se duvidar, trata-se do melhor jogador do mundo na atualidade.

Foi dele a sútil enfiada de bola para o português Bernardo Silva romper a muralha Courtois ao surpreender o goleiro, também belga, com uma bomba em seu canto, quando todos esperavam o arremate cruzado.

KDB é a anarquia mais organizada do futebol mundial, porque pode ser encontrado em qualquer espaço do gramado, quase nunca é desarmado e está sempre pronto para dar o passe desconcertante ou fazer o gol improvável, de dentro ou de fora da área.

Mesmo quando outros ganham o prêmio de melhor em campo, invariavelmente ele é o mais decisivo. Basta prestar atenção para perceber.

Há quem prefira o arco à flecha e vice-versa.

Quando alguém faz ambas as funções como KDB, e acrescenta outras mais, impõe a pergunta: por que ele é reconhecido e elogiado só como mais um quando faz, com tamanha excelência, o papel de tantos?

Porque não usa as mãos para defesas milagrosas? Porque não é o maior goleador do mundo? Porque não é o melhor treinador do planeta?

Pois este último, o técnico que encontrou nele nova alma gêmea, sabe a resposta.

Oxalá um dia alguém pergunte a Dom Pep se De Bruyne não é o melhor do mundo.

Porque é.

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