Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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E se o São Paulo for eliminado?

Será aceitável o supercampeão do Brasil cair fora do Paulistinha em Itu?

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Decretou-se no Morumbis que a partir das conquistas do São Paulo na Copa do Brasil, e na Supercopa do Brasil, o time voltaria a ser rival para quem quer que fosse.

Talvez venha a ser mesmo, pois tem bons jogadores para o atual nível nacional.

Só que neste domingo (10) o que está em jogo fica a léguas de seus melhores sonhos; não se trata de superar o Corinthians, o Palmeiras e o Flamengo como na Copa do Brasil. É preciso vencer o Ituano para afastar o risco de ser superado pelo Novorizontino e pelo São Bernardo, como seu rival Corinthians foi pela Inter de Limeira e, talvez, pelo Mirassol —noves fora o Bragantino que são outros 500.

Convenhamos que depois de 11 rodadas chegar à derradeira delas em tal situação torna ridícula a empáfia pós-títulos.

Amigos tricolores deram conta da indignação em grupos de zap quando aqui se publicou, um mês atrás, que nada justificava tanto otimismo por parte do folião presidente Julio Casares.

Julio Casares, presidente do São Paulo, nas arquibancadas do Morumbis
Julio Casares, presidente do São Paulo, nas arquibancadas do Morumbis - Zanone Fraissat - 14.fev.24/Folhapress

O time havia acabado de perder para a Ponte Preta, em Campinas, e a coluna lembrou que a dificuldade de ir bem fora de casa permanecia.

Sim, havia superado o trauma de Itaquera, mas ser bem-sucedido em visitas ao estádio corintiano virou moda.

E o jogo no domingo é em Itu…

Sim, o São Paulo é favorito —embora não seja favoritaço nem mesmo com a presença de James Rodriguez, capaz de mudar o patamar e o desempenho do time, embora ainda objeto de justificável desconfiança.

Fique claro, para responder a pergunta do título, que se o menos provável acontecer o inferno estará tão longe do Morumbis como o paraíso, porque o Paulistinha é só o Paulistinha.

Recomenda-se apenas, em quaisquer das circunstâncias, pés no chão, porque, é sabido, quanto maior a altura, maior o tombo, principalmente se causado pela arrogância de quem ainda está longe do caviar e mais perto da mortadela.

O que, aliás, faz bem a um clube popular.

Obsessivos e indignados

Há jornalistas incansáveis. Coitados.

Martín Fernandez, belo colunista de O Globo, repórter de primeira linha da Globo Esporte, é um deles.

Nem chegou ainda aos 43 anos e o rosto jovial contrasta com a falta de cabelos. Perdeu-os em boa parte graças a ser um obsessivo militante —e se não foi por isso, passa a ser.

Obsessivo porque, imagine, é inconformado com monstrengos como o calendário do futebol brasileiro.

Olho para ele com admiração pela persistência. E pena. Muita pena.

Porque sei exatamente como isso termina: com as mãos sangrando de dar murro em ponta de faca.

Cinquenta anos atrás já conhecia outros jornalistas empenhados na mesma questão em busca de civilizar o modo de jogar futebol no Brasil.

Leio o Martín às sextas-feiras e tenho certeza de que ele preferia escrever sobre os jogos que acompanhou ou para os que estão no radar. Mas, não.

Ele alerta, ele bate na tecla das obviedades, só falta rogar por um mínimo de bom senso.

Bem-informado, investigativo, sabe bem que nada é de graça, e mesmo assim insiste, esperançoso de que alguém o ouça na CBF, nos clubes, no governo.

Um dia, quando não tiver mais cabelo algum —e registre-se que não ficamos todos necessariamente carecas, alguns passam a ter gastrite, essas coisas—, e vir algum novo colega juntar sua voz à dele, entenderá na perfeição o que leu aqui —pretensioso que sou em tê-lo como raro leitor.

Não para, não para, Martín!

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