Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Paulista

O Corinthians como o Titanic

Do prometido clube entre os três maiores do mundo à eliminação do Paulistinha

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Dez anos depois de ter caído na fase de grupos do campeonato estadual, o Corinthians volta a ficar fora do mata-mata.

Em 2014 nem pareceu tão grave porque o time vinha de ganhar a Libertadores e o bicampeonato mundial dois anos antes. Havia um saldo tão grande que ninguém ligou.

Em seguida vieram os títulos brasileiros de 2015 e 2017, além do tri no Paulistinha em 2017/18/19 e vida que segue, sem juízo.

Comemoração do gol de Yuri Alberto do Corinthians durante a partida contra o Santo André pela 11ª rodada do Campeonato Paulista, na Neo Química Arena, zona leste de São Paulo
Comemoração do gol de Yuri Alberto do Corinthians durante a partida contra o Santo André pela 11ª rodada do Campeonato Paulista, na Neo Química Arena, zona leste de São Paulo - Marina Uezima/Brazil Photo Press/Folhapress

O que a Fiel não desconfiava era do canto do cisne em 2019, última taça conquistada.

Não que ficar cinco anos sem comemorar títulos seja uma desgraça para quem ficou quase 23.

O problema está em como o Corinthians chegou ao atual jejum, porque uma coisa é jejuar, outra é passar fome sem perspectivas de comer um prato de comida ali adiante.

A pergunta aqui feita ontem teve a resposta que os corintianos temiam, embora fosse inevitável: o time naufragou nas águas do Paulistinha com uma rodada de antecedência.

Porque, apesar do susto quando quase cedeu o empate ao Santo André, lanterna do campeonato, e da necessária vitória da classificada Portuguesa sobre o Mirassol, a Inter alcançou a vitória contra o Ituano e ocupou a vaga no mata-mata que os fiéis imaginavam ainda poder ser deles.

Pobres e enganados torcedores corintianos, vítimas maiores de sucessivas eleições que a cada três anos só pioram a situação do clube mais popular de São Paulo.

O Corinthians tem sido a prova de que o ruim pode ficar péssimo e o péssimo se tornar catastrófico, sem dó nem piedade e, como o Titanic, o colosso afunda.

Redundante repetir tudo que já se sabe sobre os últimos presidentes em Parque São Jorge.

Falar mais o quê de cartolas como o megalomaníaco manipulador Andrés Sanchez, o que prometeu fazer do Corinthians um dos três maiores clubes do mundo em cinco anos?

Ou do atual mitômano Augusto Melo, passando por Roberto Andrade, que achava normal não pagar o supermercado, e pelo infame Duílio Monteiro Alves, o maior predador da centenária história alvinegra, digno apenas de ser expulso do clube, com desonra?

Pegue o último vexame, com Matías Rojas, sem entrar no mérito da capacidade técnica do meia —até porque impossível dizer em que medida o desempenho dele foi diretamente proporcional à falta de pagamento.

A gestão anterior o contratou, não pagou, a atual o chamou para acordo, o paraguaio topou, e o clube descumpriu.

O que você faria?

Pois é, ele fez. Voltou para casa.

O que diz o mitômano com seu ridículo boné de casa de apostas?

Que está tudo bem, que se Deus quiser…

A pergunta do momento nem é como o time se comportará daqui para frente, mas quanto tempo jogadores como Rodrigo Garro e Igor Coronado, passos maior que as pernas do hiper endividado clube, suportarão eventuais novos atrasos?

Em vez do discurso franco e articulado (uma impossibilidade cerebral para Melo como era pura enganação para Monteiro Alves), a mentira deslavada é a arma dos cartolas corintianos, marinheiros das últimas viagens.

Já se viu à exaustão que ganhar campeonatos está longe de ser, necessariamente, sinal de boa gestão. Muitas vezes significa apenas mero artifício de doping financeiro, a gastança irresponsável.

A Fiel precisa saber de quem cobrar e jamais será de Rojas ou de Mano Menezes, muito menos de António Oliveira.

E parar de se comportar como hienas.

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