Leandro Narloch

Leandro Narloch é jornalista e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.

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Descrição de chapéu WhatsApp

Simão Bacamarte, ministro do STF

O que aconteceria se Alexandre de Moraes mandasse investigar todos que falam asneiras no WhastApp sem grave ameaça ou violência iminente?

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A Polícia Federal cumpre na manhã desta sexta-feira (26) mais 34 milhões de mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. As ações ocorrem no âmbito de inquéritos policiais sigilosos abertos de ofício pelo STF.

A força-tarefa começou na terça, quando o alvo foram empresários de idade avançada que teriam afirmado no WhatsApp preferir um golpe à vitória do ex-presidente Lula nas eleições.

Logo em seguida, para manter a coerência e a isonomia da aplicação da lei, Moraes mirou em personalidades e outros grupos privados suspeitos de discurso de ódio, incitação à violência e ataques às instituições democráticas.

Logotipo do WhatsApp - Reuters

Na Bahia, a operação da Polícia Federal se concentrou no grupo "Historiadores com Lula". Segundo reportagem de um site, durante dois anos de conversas integrantes chegaram a trocar quase três mensagens com indícios de organização criminosa e ataques à democracia.

"Eu preferia implantar o comunismo e mandar todos esses bolsonaristas pro paredão", escreveu um professor de História. Um estudante de sociologia respondeu: "O que eu preferia mesmo é dar um soco em quem estiver de verde e amarelo na rua".

Um conhecido influencer de esquerda, que deu um "joinha" numa das mensagens acima, teve suas contas nas redes sociais bloqueadas. Moraes determinou também o bloqueio de bens dos historiadores envolvidos no esquema, mas nesse caso nenhum bem foi encontrado no nome deles.

Conversas ainda mais preocupantes apareceram no grupo "Mães da 6ª série B", que reúne mães de um colégio da zona sul de São Paulo. "O Enzo esqueceu o estojo de novo. Às vezes tenho vontade de matar esse menino!", disse uma integrante que está sendo investigada pelo STF por potencial e eventual atentado de infanticídio.

Outra integrante do grupo de mães manifestou uma espécie de surto de ódio durante uma reunião na escola. "Pela décima vez a coordenadora diz que não quer só ensinar, mas formar cidadãos. Meninas, EU NÃO AGUENTO MAIS ESSA HISTÓRIA DE FORMAR CIDADÃOS! Na próxima reunião vou trazer meu spray de pimenta e esfregar na cara dessa professora assim que ela falar em formar cidadãos!".

Dentre muitos outros grupos alvos da mega-operação, destaca-se ainda o "Gurizada zueira Vila Formosa".

Uma jornalista que acompanhou o grupo testemunhou um esquema de compartilhamento de 1.659 fotos e vídeos de mulheres nuas durante dois meses.

Segundo a PF, algumas mensagens configuram clara objetificação do corpo feminino e incitação ao estupro. "Mlk do céu, às vezes tenho vontade de sair pegando todas PPK que vejo na rua", teria dito um entregador de 19 anos.

Moraes determinou ainda a quebra de sigilo bancário, apreensão de celulares e a oitiva de uma atriz do Rio de Janeiro que teria afirmado "quero esfregar a cara do Bolsonaro no asfalto". E de um escritor que publicou no Twitter "O Brasil só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal".

O ministro também explicou por que não esperou o Ministério Público iniciar os milhões de inquéritos.
Segundo ele, se as mensagens foram trocadas na internet e a internet está em todos os lugares, então o local do crime pode ser qualquer um, incluindo as dependências do STF. O regimento interno autoriza a instauração de inquérito de ofício se há infração penal nas dependências do Tribunal.

"Não podemos tolerar discursos de ódio", disse o honorável ministro. "Não estamos em uma selva!"

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