Lúcia Guimarães

É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

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Lúcia Guimarães

Campanha presidencial dos EUA se afasta do pensamento mágico

A turma que tem um sonho de candidatos mais jovens nos dois partidos precisa acordar; Trump e Biden são velhos

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É Biden contra Trump de novo. A desistência da pré-candidata republicana Nikki Haley, nesta quarta-feira (6), depois de ampla derrota nas primárias da Super Terça, deixa claro que a turma do pensamento mágico, com seu sonho de candidatos mais jovens nos dois partidos, precisa acordar.

Do lado republicano, os eleitores conhecidos como "Trump nunca" têm que decidir se reconduzir um acusado de dezenas de crimes, que promete desmontar as instituições democráticas e mal consegue enunciar frases coerentes é a alternativa a tapar o nariz e votar num democrata.

Se os eleitores das primárias republicanas que votaram na ex-governadora da Carolina do Sul em protesto contra Trump ficarem em casa na eleição geral, o ex-presidente que tentou um golpe de Estado em 2021, por não aceitar a derrota nas urnas, estará em apuros em novembro, não importa sua vantagem nas pesquisas atuais.

Montagem mostra o presidente dos EUA, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump - Andrew Caballero-Reynolds e Joseph Prezioso - 6.mar.2024/AFP

Na campanha de 2020, Joe Biden era oposição e estava à frente de Trump em quase todas as pesquisas. Agora, ele tem a chave da Casa Branca e, por motivos que estatísticos e historiadores não conseguem decifrar, a impopularidade de Biden não reflete a lista de realizações desta Presidência. Ou reflete a incompetência na comunicação de Biden. Ou, quem sabe, é também sinal do mal-estar global com as instituições de governo e do descrédito do sistema democrático.

Há uma hipocrisia notável por parte dos democratas que recentemente defenderam a desistência de Biden para unir o partido em torno de um candidato mais vigoroso, com melhores chances de atrair jovens. Talvez esses democratas esperassem um banho de sangue nas eleições legislativas de 2022, quando o velho Joe montaria seu cavalo em direção ao pôr do sol, abençoando um herdeiro ou uma herdeira.

O banho de sangue não aconteceu. Além disso, Biden teria sido ferozmente neutralizado pela oposição trumpista na agenda de governo se confessasse que não pretendia disputar a reeleição.

Sim, quem não preferia ver um bom candidato, com menos de 81 anos, na disputa?

Mas os que pedem a entrada de um jovem na campanha mentem para o eleitor. Isso porque é tarde demais, por inúmeros motivos. Não há tempo de levantar fundos legalmente ou de registrar pré-candidaturas nos 50 estados.

Para quem indaga sobre uma convenção partidária disputada para escolher o candidato: a última entre os democratas, num outro momento de grande polarização e violência política, em 1968, resultou na eleição do republicano Richard Nixon, com vantagem de menos de 1% dos votos. Os democratas descontentes daquele ano ficaram em casa.

Hillary Clinton pediu aos eleitores nesta semana que aceitem o óbvio: Joe Biden é velho. Aos que o rejeitam pela idade, ela sugeriu assistir a alguns minutos de Donald Trump em campanha. A cada novo discurso, Trump apresenta maior dificuldade de completar frases com a voz pastosa e, pela terceira vez, apontou Barack Obama como o atual presidente, além de ter chamado sua esposa, Melania, de Mercedes.

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