Nikki Haley confirma desistência e deixa caminho livre para Trump, mas não o endossa

Derrotada na Super Terça, republicana diz que cabe a ex-presidente ganhar votos de quem não o apoiou até agora

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Washington

Nikki Haley confirmou sua saída da corrida pela nomeação republicana, deixando o caminho livre para Donald Trump. A ex-governadora da Carolina do Sul discursou na manhã desta quarta-feira (6) de sua terra natal, após a derrota esmagadora sofrida na Super Terça, quando perdeu em 14 dos 15 estados que foram às urnas.

"Chegou a hora de suspender minha campanha. Eu disse que desejava que os americanos tivessem suas vozes ouvidas. Eu fiz isso. Eu não tenho arrependimentos", afirmou.

Nikki Haley durante discurso em que anunciou sua saída da corrida pela nomeação americana, na Carolina do Sul - Brian Snyder/Reuters

A republicana parabenizou o ex-presidente por suas vitórias, mas não anunciou seu endosso a ele. Citando a conservadora Margaret Thatcher, Haley disse que um sábio conselho da ex-primeira-ministra britânica é "não siga o bando".

Embora minoritários no partido, os apoiadores de Haley são os que mais resistem ao empresário e podem fazer diferença em uma eleição apertada contra Joe Biden em novembro.

"Agora cabe a Donald Trump conquistar os votos daqueles no nosso partido e além dele que não o apoiaram. E eu espero que ele faça isso", disse.

"O mais provável é que Donald Trump vai ser o nomeado republicano quando a convenção do nosso partido se reunir em julho. Eu o parabenizo e desejo o melhor para ele. Eu desejo o melhor a qualquer um que possa ser o presidente dos Estados Unidos", afirmou.

A decisão de não apoiar imediatamente Trump a diferencia de Ron DeSantis, que endossou o empresário no mesmo discurso em que anunciou sua desistência.

Nas declarações feitas nesta quarta, Haley enfatizou a necessidade de unir o partido e o país. Também levantou suas bandeiras em política externa, uma prioridade para ela em toda a campanha. A republicana disse que é um "imperativo moral" os EUA manterem seu apoio a aliados.

Haley era o último obstáculo para a nomeação de Trump no Partido Republicano. A desistência confirma uma nova disputa entre o ex-presidente e Joe Biden pela Casa Branca neste ano, embate rejeitado pela maioria dos americanos, que, segundo pesquisas de opinião, diz-se cansada dos mesmos nomes na política.

O fracasso da candidatura da republicana, que tentou se vender como uma alternativa menos caótica e mais moderada a Trump, ilustra a transformação da base do partido desde a ascensão do empresário na última década.

Haley demonstrou força nas primárias entre os republicanos tradicionais, de maior renda e formação, e independentes. Embora tenha conquistado um apoio significativo nesse grupo, ele não foi suficiente para superar o engajamento da base de Trump, mais pobre e menos qualificada.

Em New Hampshire, por exemplo, estado de perfil mais moderado, ela alcançou 43,2% dos votos, mas ainda assim ficou atrás do ex-presidente. O pleito era um dos poucos em que analistas viam alguma chance de Haley vencer, e sua derrota foi um banho de água fria em quem desejava uma alternativa a Trump.

Dali em diante, foi ladeira abaixo para a ex-embaixadora dos EUA na ONU: ela perdeu para a opção "ninguém" na primária de Nevada, em que Trump não concorreu, e no estado da qual foi governadora, a Carolina do Sul, onde ficou 20 pontos atrás do empresário.

Suas únicas vitórias foram entre o pequeno —e fora da curva— eleitorado republicano de Washington (Distrito de Colúmbia) e em Vermont. Ainda assim, foram resultados significativos: ela se tornou a primeira mulher a vencer uma primária republicana na história.

Haley ganhou projeção com os debates entre os pré-candidatos republicanos no segundo semestre do ano passado, sobretudo em temas ligados a política externa. Seu bom desempenho atraiu eleitores e doadores, que passaram a apostar nela, e não mais em Ron DeSantis, como a melhor alternativa a Trump.

No entanto, assim como o governador da Flórida, ela não conseguiu encontrar o equilíbrio tênue entre conquistar, ao mesmo tempo, críticos e parte dos apoiadores do empresário no partido.

A insistência da ex-governadora em seguir concorrendo irritou Trump, que a pressionava para desistir, afirmando que poderia estar gastando seus recursos na campanha contra Biden.

As atenções da corrida agora se voltam para quem Trump escolherá como vice. A própria ex-governadora chegou a ser aventada, mas o fato de ter prolongado sua campanha teria irritado o empresário.

Um conterrâneo de Haley, porém, vem sendo frequentemente citado: o senador Tim Scott, ele próprio um ex-candidato à nomeação do partido para a vaga na corrida presidencial. Conservador e negro, sua escolha é vista como uma forma de expandir o alcance de Trump.

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