Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho
Descrição de chapéu Maratona

Série viciante mostra como a vivência dos jurados afeta a visão sobre uma ré

'Doze Jurados' supera estrutura-padrão ao dar espaço tanto para os responsáveis pelo julgamento quanto para a acusada

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A morte de uma criança é um um acontecimento tristemente poderoso, não à toa usado como elemento central de uma série de dramas e thrillers. Ganha dimensão ainda maior quando a suspeita por algo tão abrupto recai sobre a mãe, naquele que costuma ser visto como o mais odiento dos crimes.

Por outro lado, a dor da perda de um filho, talvez a maior de todas, será multiplicada no caso de uma acusação injusta de culpa.

É nesse eixo que gira “Doze Jurados”, série belga que a Netflix lançou em julho e, neste mês, após o fim de “Dark”, entrou para o rol das produções “em alta” da plataforma.

Em estrutura de drama de tribunal, somos apresentados à história de Frie (Maaike Cafmeyer) julgada pela morte da filha e, paralelamente, pelo assassinato de sua melhor amiga, Brechtje (Lynn Van Royen), ocorrido 16 anos antes. Não estranhe os nomes —a série se passa na cidade de Gent, na região de Flandres, onde se fala neerlandês (também falando na Holanda).

“Doze Jurados" supera a estrutura-padrão desse tipo de drama ao dar espaço tanto para aqueles que serão os responsáveis por condenar ou absolver Frie quanto para a própria acusada.

A pergunta, repetida com uma das personagens e depois evocada para os demais, é se eles terão a capacidade de fazer uma análise objetiva dos fatos apresentados.

E objetividade, como se sabe, é quase uma utopia, difícil de alcançar quando a bagagem pessoal atravanca o caminho.

Neste caso, cada jurado a ganhar destaque tem a sua própria sombra, o que vai mudar a forma como enxerga Frie, que tem sua acusação amparada sobretudo no depoimento de um ex-marido revoltado e na investigação de uma policial de métodos pouco idôneos.

É claro que, como em todo thriller de tribunal, interessa ao espectador saber se a mãe em julgamento é culpada ou inocente (ou ambos, já que falamos de dois crimes). Mas interessa, também, saber como cada um daqueles indivíduos vai decidir o destino da ré.

A condução é árida, sem a romantização que costumamos ver nas obras americanas nem a profusão de diálogos do cinema francês. Mesmo ao se buscar como referência os principais nomes do cinema belga, os irmãos Dardenne, parece faltar ao menos um resquício de emoção à narrativa de Sanne Nuyens e Bert Van Dael. Se o objetivo era o incômodo, em alusão à tal objetividade que os juízes buscam, a dupla acertou.

A escolha por contar em detalhe a história de alguns dos jurados do caso ainda tem como efeito colateral desenvolver menos aqueles personagens diretamente ligados ao crime, sobretudo o do marido, Stefaan, também pai da menina morta e ex-namorado de Brechtje.

Assim, como toda história de tribunal, “Doze Jurados” é feita pra ser vista numa tacada só ou quase isso, e, embora tenha seus momentos monótonos, a dúvida sobre a personagem central é persistente o suficiente para manter o espectador vidrado.

Os dez episódios de ‘Doze Jurados’ estão disponíveis na Netflix

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