Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

Em 'O Paciente', com Steve Carell, terapia vira suspense na mão de autores de 'The Americans'

Série do Star+ mostra terapeuta refém de assassino que quer tratamento

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Um homem branco e grisalho com barba está sentado em uma poltrona de couro marrom clara. Ele usa um cardigan marrom e tem uma expressão cansada

Steve Carell em cena de 'O Paciente', da Star+ Divulgação

Depois de um intervalo de quase cinco anos, Joseph Weinberg, o cérebro por trás da excelente "The Americans" está de volta com uma trama que explora outro tipo de conflito: aqueles que se passam na cabeça das pessoas e, não raro, projetam-se ao redor.

É Weinberg que assina, com seu colega na série de espionagem Joel Fields, "O Paciente", que a Star+ pôs no ar logo antes da virada do ano.

Situada naquela fronteira periclitante entre o dramático e o cômico e conduzida ora como thriller ora como embate teatral, a minissérie revolve em torno de um psicanalista que se vê refém de um paciente atrás de cura para sua compulsão por... matar.

Caso falhe, a missão a la "Misery" pode ser sua derradeira.

Muito de "O Paciente" se sustenta nas performances de seus dois protagonistas, Steve Carell, como o psicanalista acuado, e Domhnall Gleeson, como o psicopata em tratamento intensivo.

Carell, imortalizado na memória do público na pele do obtuso gerente Michael Scott da versão americana de "The Office", tem colecionando desempenhos dramáticos à mesma altura, e sua composição sutilmente irônica do metódico e contido Alan Strauss, cuja ameaça existencial iminente dá vazão a toda sorte de trauma reprimido, ganha lugar de destaque nessa galeria.

Já Gleeson, um ator irlandês versado em filmes independentes e papeis secundários em sagas como "Star Wars" (a leva recente) e "Harry Potter", faz bom uso do holofote recebido e deve sair com um ou dois troféus desta temporada de premiações.

Sua versão para Sam, o assassino que ganha a vida fiscalizando restaurantes para a vigilância sanitária, é ao mesmo tempo vulnerável e aterradora, o que mantém qualquer possibilidade de desfecho em aberto para o espectador e para o dr. Strauss.

Para além da dupla de protagonistas, a outra força de "O Paciente" está no duo de roteiristas, cujo texto preciso e os diálogos ácido-cômicos mantêm o espectador fisgado a uma história que, em sua maior parte, se desenrola no porão de uma casa de campo erma com dois ou no máximo três atores em cena.

É um lugar onde o tempo não passa —nem para Alan, cujas opções de fuga se afunilam, nem para Sam, sufocado pela compulsão—, e os roteiristas usam a duração dos dez episódios para transmitir essa sensação ao espectador.

Curtíssimos no início, ao ponto de trazer aquele sobressalto do término de uma boa sessão de terapia, eles aos poucos se alongam e às vezes se retraem, acrescentando devagarzinho novos elementos e personagens que alargam a dimensão dos protagonistas: a mãe de Sam, que mora na casa-cativeiro; a mulher de Alan, morta recentemente; o filho do analista, afastado da família pela religião; o pai do paciente, figura ausente a quem o assassino atribui os traumas.

Colocar terapeuta em cena serve de atalho a roteiristas menos dispostos, mas o recurso ganhou mais graça desde que "Família Soprano" o usou para subverter o personagem central. "O Paciente" não chega a tanto, mas é uma obra que merece ser apreciada.

"O Paciente" está disponível no Star+

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