Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luciana Coelho
Descrição de chapéu Maratona

Steven Soderbergh revisita temas preferidos na boa 'Círculo Fechado'

Jharrel Jerome e Claire Danes brilham em suspense movido a vingança, carma e relações sociais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Na carreira ligeiramente errática de Steven Soderbergh como diretor, alguns elementos se repetem nos pontos mais altos: tramas intricadas, não raramente paralelas; protagonistas outsiders; contrastes e confrontos de culturas, com alguma crítica social de pano de fundo, elenco numeroso. Muito disso está em "Círculo Fechado", minissérie da HBO Max que ele assina como produtor e diretor.

A criação e o roteiro do drama de seis episódios couberam a Ed Solomon, que já havia trabalhado com Soderbergh em "Nem Um Passo em Falso", que também tratava de um grupo de criminosos pouco coeso e seus tropeços para completar uma missão.

O crime, preferencialmente os que exigem roteiros complexos, é outro tema recorrente para Soderbergh seja num registro mais cômico ("Onze Homens e um Segredo" e toda a franquia) seja no suspense ou drama ("Traffic").

No caso de "Círculo Fechado", o crime é movido por vingança, reúne uma espécie de máfia com ascendência na Guiana, um chef de cozinha famoso e jovens aspirantes a gangsters que topam a missão em troca de algum dinheiro e assessoria legal para obterem um visto americano —a história se passa em Nova York e a cidade se mostra também um personagem.

O crime encomendado por Savitri Mahabir (CCH Pounder, de "THe Shield") é o sequestro do neto do chef celebridade vivido por Dennis Quaid, e o objetivo é vingar uma morte com a morte do garoto (Etha Stoddard). Não há spoiler aqui, tudo isso está no primeiro episódio e serve apenas como argumento para o que vai se desenrolar como uma sucessão de erros até que o tal círculo de vingança esteja completo ou rompido.

Embora a vingança e a descoberta de segredos dê impulso ao roteiro, o que realmente brilha em "Círculo Fechado" é a relação entre os três criminosos encarregados do serviço.

Jharrel Jerome já havia ganho um Emmy por sua atuação excepcional em "Olhos que Condenam" (2019), uma das melhores produções já feitas sobre as falhas e vieses da Justiça; arrisca levar outro aqui pelo papel de Aked, o sobrinho da chefona que recruta os outros dois e precisa orientá-los, mas parece perdido com a responsabilidade. Com ele estão o neófito Louis (Gerald Jones) e o instável Xavier (Sheyi Cole), e o misto de ambição e medo dos três acaba por dar o ritmo da série.

A relação da gangue, da família abastada que se torna alvo (Claire Danes interpreta a filha do chef/mãe do adolescente caçado) e daqueles que se envolvem pessoal e profissionalmente com eles também se desenha um mosaico de relações sociais e raciais nova-iorquinas, com ecos muito reconhecíveis por aqui.

Pode não ser o melhor Soderbergh, mas é um reencontro feliz com os pontos altos de sua carreira.

Os seis epísódios de "Círculo Fechado", que estreou em julho, estão disponíveis na HBO Max

*

A colunista se desculpa pela ausência nas duas últimas semanas e agradece pela leitura ao longo dos dez anos de coluna, completados no início deste mês. A primeira delas, publicada em 2013, tratava da minha série favorita.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.